
O apagão digital causado pela falha da Cloudflare expôs uma fragilidade que o Brasil insiste em ignorar: nossa dependência quase total de infraestruturas estrangeiras não só nos nossos sistemas, mas sim, na nossa soberania.
Em minutos, serviços públicos, bancos, empresas e plataformas essenciais ficaram instáveis ou fora do ar, lembrando que soberania não se proclama, se constrói, com governança, inteligência e autonomia.
Como falar em liderança climática, ESG, Amazônia azul e verde e economia sustentável se até o monitoramento ambiental, dados sensíveis e sistemas críticos operam em estruturas que não controlamos? Já imaginou que até seus dados médicos estão em plataformas estrangeiras?
Defesa nacional não é só fronteira e tropa, é fibra óptica, data center, redundância e governança digital. O verdadeiro “G” do ESG é continuidade, risco e autonomia.
Precisamos de orçamento previsível, de nuvem soberana, protocolos nacionais de resposta a incidentes, fortalecimento de centros como o CENSIPAM e da nossa Defesa Cibernética, além de auditorias para que empresas entendam sua dependência externa.
O apagão de hoje não derrubou só sites: derrubou a ilusão de que estamos seguros.
Sem soberania digital, qualquer falha lá fora vira caos aqui e o país que cai junto com terceiros acidentalmente ou intencionalmente nunca é realmente soberano.
Luiz Alberto Cureau Júnior
General do Exército Brasileiro da reserva
Consultor climático do instituto Climático VBH



