Neymar entre realidades e devaneios (por Erasmo Angelo)

A insistência com que alguns poucos (mas influentes) integrantes da mídia tratam a questão Neymar como “solução” da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo do próximo ano, não introduz na [...]

A insistência com que alguns poucos (mas influentes) integrantes da mídia tratam a questão Neymar como “solução” da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo do próximo ano, não introduz na discussão do tema uma sustentação pelo menos razoável. Algumas análises chegam ao limite do ridículo.

O próprio jogador tem mostrado que não consegue mais jogar com desenvoltura em razão dos seus muitos problemas, notadamente quanto as constantes e insolúveis pendências físicas.

Mas, ainda assim o seu fã clube segue fustigando o treinador Carlo Ancelotti, procurando brechas para encaixar seus propósitos em favor do jogador, mesmo sabendo que as realidades físicas e técnicas do atacante depõem contra ele.

Nos raros jogos em que foi escalado pelo Santos, nesta sua volta ao time paulista, o que se viu de Neymar em relação ao que ele produzia há alguns anos, foi pouco. Praticamente, nada.

Além de condições físicas deficientes, o atacante começa a carregar o peso da idade (33 anos), com clara interferência no desenvolvimento da atividade técnica e individual, na velocidade, criação, domínio dos espaços, reflexos.

Tudo isso, que sobrava na genialidade de Neymar e que o levou à condição de um dos melhores do mundo em sua posição, já não existe mais. Lamentavelmente.

A realidade dos fatos mostra que o talento do passado ele também não conseguiu exibir no futebol árabe nos últimos anos, de onde saiu de graça rumo ao Santos após ver o milionário futebol europeu fechar-lhe as portas. Ninguém quis gastar dinheiro com uma incerteza.

E da incerteza na carreira ao declínio técnico, acomodado com sua vida de milionário, o que naturalmente lhe permite vaidades e até mesmo extravagâncias (preferências puramente pessoais), Neymar vai vivendo suas dúvidas em relação ao futebol, quem sabe sonhando com o retorno aos mágicos tempos do passado, que a realidade mostra hoje serem apenas devaneios.

Com clareza, bem firme na sua proposta de trabalho, Ancelotti já reiterou que um jogador para estar na Seleção Brasileira visando a Copa/2026, tem que estar na sua plenitude física e técnica, tem que estar 100%. E nem pode ser diferente.

Então, para colocar um fim aos devaneios, cair no mundo real do futebol e ainda sonhar com a seleção, Neymar não precisa nem do seu fã clube na mídia e muito menos das indevidas pressões sobre Ancelotti.
 
Ele vai precisar, com urgência, de um extenuante trabalho de recuperação (ainda assim com dúvidas) para se inserir no modelo de atleta que o treinador exige. Ou seja, estar apto fisicamente, 100%, e no esplendor da sua forma técnica e individual. Voltar a ser, em tão curto espaço de tempo, um astro.

Aí surge a pergunta definitiva: em se tratando de Neymar com seus crônicos problemas físicos e de sua festiva boa vida fora do futebol, é possível acreditar no fim do seu acentuado declínio técnico?

Difícil. De uns três anos para cá o que se viu de Neymar como jogador de futebol passa longe, bem longe do figurino delineado por Ancelotti para a Seleção. O que também serviria para ele em qualquer grande clube. É a realidade.




Erasmo Angelo é Jornalista, formado em História e Geografia pela PUC/MG. Foi Redator e Colunista do Jornal Estado de Minas dos Diários Associados, e do Jornal dos Sports/Edição MG, cobrindo o futebol e esportes no Brasil e no Exterior, em Campeonatos Mundiais de Futebol e em Olimpíadas. Atuou destacadamente na TV e na Rádio, na TV Itacolomi, TV Alterosa, Rádio Itatiaia, Rádio Guarani e Rádio Mineira. Foi Presidente da ADEMG – Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais, na administração do Mineirão e do Mineirinho. Foi Editor da Revista do Cruzeiro. Autor