
O relógio marcava o início da reunião estratégica na sede da empresa. As projeções de mercado anunciavam mudanças abruptas, como temporais prestes a desabar. A liderança presente sentia o peso esmagador de um ambiente em que cada decisão poderia alterar o rumo da companhia. Cada argumento colocado à mesa não era apenas uma ideia, era uma jogada que conduziria o futuro da organização para o próximo trimestre e estaria selando o destino da companhia. A tensão era absoluta. Aos poucos, a atmosfera passou a recordar outra arena onde não há espaço para erros: a quadra decisiva de um Grand Slam.
Djokovic surgia como o exemplo do líder que mantém a disciplina e a consistência mesmo sob intensa pressão, como um executivo que sustenta resultados de décadas em mercados voláteis. Nadal lembrava que, às vezes, é a garra, a energia emocional e a coragem de seguir apesar das limitações que garantem a vitória em momentos críticos. Federer, com sua elegância e visão de longo prazo, inspirava a todos sobre a importância de deixar um legado, preparando a empresa para o futuro mesmo quando não se está mais na linha de frente. E Alcaraz, jovem e ousado, trazia a lembrança de que inovação e coragem para desafiar padrões estabelecidos são essenciais para abrir novos caminhos.
Naquele instante, ficou evidente: fosse na quadra ou na sala de reuniões, o sucesso jamais nascia apenas do talento individual. Entre tantas competências reunidas, a performance isolada simplesmente não sustentava o peso das grandes decisões. O verdadeiro diferencial surgia de uma outra perspectiva de valor, de mentalidade, de forma de pensar e agir, a interdependência. A força da colaboração. A troca de conhecimentos. As ideias “multicriativas” pensadas em conjunto entre líderes, equipes e áreas. Nesse movimento, cada talento deixava de ser apenas singular para se multiplicar em potência quando integrado ao todo.
No mundo corporativo, assim como no tênis, nenhum resultado se conquista sozinho. A resiliência de um, a garra de outro, a inovação de um terceiro e o legado de mais um só se transformam em resultados concretos quando há uma rede de confiança, comunicação e propósito compartilhado. Cada decisão, cada movimento estratégico depende da conexão entre talentos distintos e complementares.
E é justamente essa interdependência que permite à empresa evoluir e caminhar na sua verdadeira identidade como cultura organizacional para o sucesso: capacidade de reconhecer, valorizar e integrar as forças do outro. Assim como no esporte, o jogo do futuro de uma organização é coletivo, mesmo quando parece individual.
“A minha humanidade está presa à sua, pois só nos tornamos humanos juntos.” (Desmond Tutu – Símbolo da luta contra o apartheid e Prêmio Nobel da Paz, 1984)
Vera Helena Castanho é Psicoterapeuta em Base Analítica.