Desafio do mercado: trocar o etarismo pelo talento dos maduros

Profissionais mais velhos trazem vasta experiência e conhecimento acumulado ao longo da carreira, o que é extremamente valioso para uma empresa. [...]

Terceira idade, melhor idade, aposentado, seniors. Estas e outras expressões que denotam etarismo já estão sendo condenadas no mercado de trabalho mundial, sobretudo na Europa, comportamento que já chega também ao Brasil.

E os objetivos não são apenas de condescendência, de dó de quem tem 40+, mas de uma necessidade brutal: o mercado não pode abrir mão da experiência, resiliência e distanciamento crítico de quem trabalhou décadas até atingir um grau de amadurecimento que o torna imprescindível na criação e formatação do produto – ou serviço – final na cadeia produtiva nos vários segmentos da economia.

Países orientais e asiáticos, para não falar dos indígenas brasileiros e de outras nações, sempre reverenciaram o amadurecimento de seus membros. Anciãos, caciques, pajés, para ficarmos só nas populações nativas, hoje denominadas habitantes originais, tiveram e têm os membros mais velhos como conselheiros, gurus, merecendo toda atenção, respeito e acolhimento.

O mercado de trabalho brasileiro começa a dar os primeiros passos nesse sentido. Além de projetos tramitando no Congresso determinando percentuais de admissão de funcionários mais idosos, a própria realidade no mundo do RH vem exigindo isso.

 Mais que cotas, que vêm beneficiando populações negras, raciais ou portadoras de necessidades especiais, os profissionais maduros querem, exigem, reconhecimento de suas capacidades e de seu talento.

E isso já está ocorrendo em muitas empresas brasileiras, sobretudo nas regiões Sudeste e Sul do país. Empresários, devidamente orientados pelas áreas de recursos humanos e marketing, estão absorvendo em seus quadros profissionais maduros, a partir dos 40 anos, integrando-os aos funcionários mais jovens. É a sinergia entre a empolgação e ousadia da juventude, com a qualificação profissionais, experiência, visão crítica e o fantástico senso de “melhor momento” para tomada de decisões, quesitos que só os veteranos, os maduros, detêm.

Na propaganda, essa sinergia jovem-maduro, quando implementada em toda sua potencialidade, vai gerar campanhas e peças esbanjando qualidade e psicologia de massa, tendo como pano de fundo o comportamento do consumidor. Disciplinas e práticas que não se aprendem de um dia para o outro, que não são assimiladas integralmente nos bancos acadêmicos, pois a teoria tem uma relação, um vínculo umbilical com a prática.

Profissionais mais velhos trazem vasta experiência e conhecimento acumulado ao longo da carreira, o que é extremamente valioso para uma empresa. Muitos veteranos, já aposentados, buscam no trabalho uma forma de manterem-se ativos, engajados e com propósito, o que pode gerar maior disposição e comprometimento. Tendem a ter maior estabilidade emocional e profissional, o que pode contribuir para um ambiente de trabalho mais tranquilo e produtivo, no convívio intergeracional que está finalmente chegando ao Brasil.

Preconceito, discriminação, cotas. O profissional de 40, 50, 60 anos ou mais dispensam essas expressões e comportamentos. Merecem, isso sim, uma visão progressista, inovadora e até mesmo revolucionária, para terem oportunidade de demonstrar toda sua capacitação, produtividade e talento, adquiridos durante décadas de amadurecimento, debruçados diariamente na elaboração de produtos e serviços a partir do binômio suor+inspiração. 



Helinho Faria é Publicitário, CEO da FAZCOM, Presidente do Conselho de Comunicação da ACMinas – Associação Comercial de Minas Gerais, e Autor