As Noivas e os Noivos da Praça da Liberdade! (por José Emílio)

Belo Horizonte é uma cidade com várias atrações, as mais famosas são os incontáveis bares com seus tira-gostos maravilhosos, músicas ótimas, uma boa, [...]

Belo Horizonte é uma cidade com várias atrações, as mais famosas são os incontáveis bares com seus tira-gostos maravilhosos, músicas ótimas, uma boa prosa mineira, enfim… Também temos alguns lugares invejáveis que podem ser comparados a algumas belas praias desse país. Dentre outros espaços formidáveis da cidade, podemos falar da Praça da Liberdade, um lugar agradável, sobretudo para quem a frequenta quase que diariamente, como esse locutor que vos fala.

A praça é a verdadeira história dessa cidade e, antigamente, aconteciam os footings, lugar de muitas interações, paqueras…, onde vários escritores, artistas…, se inspiravam nela para destilar as suas belas criações.

A praça sempre foi uma verdadeira maravilha, um show de vida! A começar pelas construções que a cercam. Dentre outras, tem um prédio do Niemeyer que é uma coisa mágica, construído num terreno que já é pequeno para uma casa comum, mas foi projetado para crescer no ar, num quase espetáculo curvilíneo e sempre foi admirado por todos que passam por ele, obra do gênio Oscar.

Do arquiteto também temos o prédio da biblioteca pública que se assemelha a uma composição férrea entrando numa curva das ferrovias das Geraes, uma coisa!

As construções antigas das secretarias públicas que circundam a praça e a do Palácio dos Despachos foram reformadas e se tornaram formidáveis centros culturais, onde saborosas peças teatrais, exposições de pinturas, shows musicais, de danças…fazem da nossa praça, um colosso cultural da nossa cidade.

Quando começamos a frequentar esse belo espaço, nos anos setenta, aos domingos, havia a Feira Hippie, um agradável e histórico ambiente para apreciar as artes e artesanatos produzidos na cidade e para uma paquera de responsa. Era uma delícia, sobretudo na lanchonete e sorveteria Xodó, que já não há mais, mas deixou muitas saudades. Tempos depois, aos sábados à tarde, foi criada a feira da alimentação que era uma grande curtição com muita música, comida, mulher bonita…, enfim, a programação para o sábado à noite começava logo ali.

Nos arredores da praça, havia muitos bares interessantes e, dentre outros, poderíamos destacar a casa de espetáculos, Pró Arte, na av Brasil, onde deliciamos muitos shows belíssimos como um de Nelson Cavaquinho e Clementina de Jesus, uma coisa antológica!

Havia também, na rua Gonçalves Dias o DCE da Federal, palco de muitos embates contra a ditadura militar e também das memoráveis horas dançantes que aconteciam aos sábados e domingos.

Atualmente, nesse mesmo local que funcionava o DCE, temos o cine Belas Artes, onde a programação é sempre convidativa, além de ter uma ótima livraria, um bar com vinhos, chopes e boas conversas, um lugar muito agradável!

Dizem que a praça é do povo, como o céu é do Condor e é verdade. Mas a nossa ” da Liberdade”, além de muito bonita e agradável, tem um porém desagradável. Durante uma caminhada, depois de seguirmos por uma reta e dobrar pela esquerda, deparamos com um prédio muito belo e suntuoso que, infelizmente, tem sido administrado por algumas pessoas sem nenhum pudor e compromisso com a ética, democracia, honestidade, honradez.., desse nosso estado e do país, o Palácio da liberdade.

Alguns deles que eventualmente, ocuparam ou ocupam aquele espaço sempre estiveram aquém da importância histórica da nossa praça, sobretudo esse que está no poder atualmente, um desajustado moral e cultural! Mas uma outro espetáculo tem colorido a praça atualmente e é muito inusitado.

Acontece que, ultimamente, quase todos os dias que passamos por lá temos deparado com uma série de noivas e noivos fazendo poses para fotografias com os vestidos, véu e grinalda e os noivos com seus ternos elegantes. O espetáculo se dá na Alameda, nos jardins, nas escadarias das antigas Secretarias…

A primeira vez que vimos essa boa nova, pensei que eram noivas e noivos saídos da Igreja de Lourdes, que se localiza ali, bem próximo à praça. Quando indaguei a um dos fotógrafos qual era o motivo das performances ele nos disse que, na maioria das vezes, era porque as fotos feitas no dia do matrimônio não ficaram boas, ou era prá fazer um reparo e tornar o álbum mais bonito.

Tudo isto proporcionava uma imensa curiosidade nos frequentadores da praça, quer dizer, verdadeiros shows ao ar livre! As noivas com seus buquês multicoloridos, os noivos, os pais, os damos e damas de companhia, os meninos das alianças! Porém, diante de tudo isso, sentimos a falta de um padre para abençoar esses casais e fomos informados que a igreja católica não permite tal presença!

Se bem que ficamos imaginando, depois de mais uma volta pela praça, a possibilidade da presença de um padre oportunista, como aquele vigári(sta), o que apareceu no último debate da campanha para presidência da República apoiando o Bolsonaro e que, inclusive, fora tratado por uma senadora como padre de mentira, de quadrilha de festa junina. Mas é bom que isso fique só na imaginação!

Voltando às coisas boas da praça da Liberdade, ficamos pensando se essas noivas e noivos tivessem aparecido na época do Drumond, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos…, que eram grandes frequentadores da praça e que, a ela, dedicaram vários textos e poemas lindos, o que não escreveriam agora sobre a presença desses casamentos ao ar livre que vem embelezando a nossa ” da Liberdade”, hein!

José Emílio é Engenheiro Sanitarista e Jornalista

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