Afinal o que é Meio Ambiente

O termo “Meio Ambiente”, que começou a ser esboçado a partir do relatório denominado “Limites do [...]

O termo “Meio Ambiente”, que começou a ser esboçado a partir do relatório denominado “Limites do Crescimento”, do Clube de Roma na década de 1960, emergiu, posteriormente, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972. Pela primeira vez, a ONU organizou uma reunião de cúpula, com Chefes de Estado e de Governo para tratar das relações da humanidade com o planeta, diante das primeiras evidências de que as ações antrópicas estavam provocando desequilíbrios reais e potenciais no lar dos seres vivos.

Portanto, até meados do século passado, há sete décadas, a palavra “Meio Ambiente” sequer era dicionarizada, prevalecendo o termo “conservação da natureza”, que vinha do final do século XIX, uma espécie de abordagem ancestral do que hoje chamamos de “desenvolvimento sustentável”, após a publicação do Relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland, coordenado pela ex-Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, do qual participou o brasileiro Paulo Nogueira Neto, o patriarca da nossa Política Nacional do Meio Ambiente.

Nascido no seio da intelectualidade, da alta cúpula da burocracia e da diplomacia dos Estados Nacionais, no plano internacional, o termo “meio ambiente” carrega uma alta dose de abstração, um conceito difuso que não expressa os problemas reais, que dele derivam. Isso não diminui a sua magna importância, porque quando falamos de “meio ambiente”, em virtude de sua amplitude, é da vida que estamos falando.

Na realidade, o termo “meio ambiente” é um guarda-chuva que abriga agendas específicas, de natureza concreta, como Água, Florestas e Biodiversidade, Solo, e Clima, para citar os eixos temáticos mais críticos e importantes, sem os quais a vida silvestre e a vida humana não subsistem no planeta.

Neste contexto, é importante estimular o debate conceitual, dando relevância aos temas que dizem respeito à vida cotidiana dos cidadãos, que sejam inteligíveis para as pessoas comuns, que possam promover a mobilização e o engajamento da cidadania, em busca das soluções que a gravidade dos problemas exige.

O cidadão do povo não sabe com exatidão o que significa o “meio ambiente“ ecologicamente equilibrado, conceito essencial gravado na nossa Constituição, mas sabe que não consegue viver sem água, sem comida (biodiversidade e solo), sem o oxigênio que extraímos da atmosfera, e com um clima estável, sem secas e chuvas extremas.

Precisamos sair do campo da retórica para entrar na era da ação. Não podemos continuar mudando os conceitos para deixar os velhos problemas sem solução.

José Carlos Carvalho é Engenheiro Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Doutor Honoris Causa pela Universidade e Lavras, Conselheiro do Instituto Inhotim e da Fundação do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. Foi Ministro do Meio Ambiente e Secretário do Meio Ambiente de Minas Gerais. Autor.

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