A Pesquisa de Mercado e Opinião no Brasil

Com o avanço da tecnologia e a expansão da conectividade, os players de mercado precisam reinventar-se [...]

 Com o avanço da tecnologia e a expansão da conectividade, os players de mercado precisam reinventar-se permanentemente para preservar o seu protagonismo. Uma das ferramentas essenciais na busca dos novos caminhos trilhados pelo consumidor é a pesquisa de mercado, opinião e mídia. Ao mesmo tempo em que esse turbilhão de mudanças acontece, as empresas de pesquisa buscam novas ferramentas e estratégias que ajudem os clientes a lidar, com razoável clareza, com esse universo em transformação. No entanto, a evolução da indústria de pesquisa busca acompanhar, instantemente, o ritmo das alterações sociais. Isso por um motivo simples: o nosso setor preza pela qualidade da informação e pelo impacto desses dados nos negócios dos clientes.

Não significa, porém, que a indústria de pesquisa esteja em busca de um padrão 100% perfeito. Não, isso não existe. É aí que a ABEP exerce seu papel como balizadora e guardiã dos princípios internacionais que devem orientar as atividades de seus mais de 110 filiados. Além do seu código de autorregulamentação e ética do setor e dos guias de boas práticas sobre temas, como divulgação de estudos, relacionamento com os respondentes e pesquisas eleitorais, os comitês internos da ABEP trabalham, atualmente, em novos instrumentos e ações direcionados à qualidade e à valorização das informações geradas pelas pesquisas de mercado. São dados que, usados com inteligência e criatividade, podem impactar positivamente nas ações mercadológicas dos clientes.

A agilidade cada vez mais torna-se um ingrediente essencial no êxito dos negócios, mas essa velocidade precisa ser administrada com muito critério. Os resultados muito rápidos, acompanhados de uma análise superficial e enviesada, podem colocar em risco milhões em investimentos. A ABEP tem filiados que realizam estudos on-line e off-line com enorme qualidade e assertividade. O problema é que clientes e usuários, menos habituados com o universo da pesquisa, podem ser levados a comprar gato por lebre, entregue ainda com um belo laço no pescoço.

No caso dos estudos on-line e daqueles que avaliam a experiência do consumidor, eles devem ser cercados do mesmo rigor ético e metodológico dos estudos off-line. Só que cada um no seu quadrado, respeitando características, eficiência, abrangência, e assim por diante. É por isso que nos últimos anos a ABEP vem atraindo e continua a atrair essa nova geração de profissionais e de empresas de perfil exclusivamente digital. Acreditamos que as pesquisas on-line e off-line caminham juntas. Cabe aos institutos apresentar aos clientes a estratégia mais eficiente para que as marcas consigam efetivamente dialogar com os consumidores, sem nunca deixarem de lado a qualidade, a veracidade, a eficiência e a segurança das informações.

Esse ambiente requer cuidados redobrados. Podemos tomar decisões ou emitir opiniões baseadas em números, que muitas vezes não são confiáveis. O que é vendido como pesquisa às vezes não merece esse nome, infelizmente. Afirma-se sem pudor que determinado levantamento de dados ou enquete é uma pesquisa. Nada mais distante da realidade.

Há ainda, pessoas que divulgam informações como representativas de um Universo (ex.: população do país) e a coleta das informações é feita exclusivamente através de internautas, usuários de determinada rede social etc. Neste caso, a divulgação precisa ser ressaltada corretamente, como e onde os dados foram coletados e qual a representatividade dessa amostra.

Por isso, é preciso estar atento às fontes e estas precisam indicar como a pesquisa foi feita, para evitar, induzir o usuário a enganos de interpretação da informação.

Duílio Novaes é formado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, CEO da GAP Grupo de Assessoria e Pesquisa, Presidente da ABEP – Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa. Autor.