Os algoritmos e a comunicação (por Nestor de Oliveira)

A história dos homens é repleta de exemplos da busca do domínio da mente humana para o melhor exercício do poder, pelos que o ocupam. [...]

A história dos homens é repleta de exemplos da busca do domínio da mente humana para o melhor exercício do poder, pelos que o ocupam. Os grandes conquistadores de territórios, a exemplo de Gengis Khan, Alexandre, Júlio César ou Bonaparte, ao longo dos tempos, prezavam pelo domínio dos povos que até então os ocupavam, seja através de suas políticas, crenças, artes, ideologias ou escravidão. Não bastava a terra, era preciso ter poder sobre seus habitantes e a melhor forma sempre foi conhecer o que pensavam e pensam. Talvez o mais antigo exemplo deste domínio esteja na Bíblia, no livro Genesis, conhecido como a construção da Torre de Babel, quando Deus, conhecedor da ambição dos homens, de construí-la até chegar aos céus, os castigou espalhando os pela terra e assim impediu, criando diversas línguas, sua comunicação e entendimento.

Não podemos nos esquecer dos grandes comunicadores e conquistadores das mentes humanas na história, pela divulgação de sua crença e fé, como o Profeta Maomé, considerado pelos mulçumanos o último e mais importante profeta, por meio de quem Alá revelou sua mensagem. O indiano Siddharta Gautama, o Buda, acreditava e assim comunicou, que a reencarnação de todos os seres vivos da terra só aconteceria pela libertação e autoconhecimento. Jesus Cristo, enviado pelo Pai, nos trouxe a esperança da salvação eterna através da fé, amor, caridade e perdão. Um outro exemplo, antes e durante a segunda grande guerra, é a atuação de Joseph Goebbels, fanático antissemita nazista, chefe da comunicação e propaganda de Hitler, que nos anos 40 do século passado, utilizava de seu largo conhecimento e poder para promover e arregimentar adeptos para sua doentia paixão. Deu no que deu. Ou, como no Brasil, a DIP de Vargas e a atual e abusiva utilização da comunicação eleitoral permanente no país.  E assim continuamos a busca incessante do domínio da mente humana, em muitos casos para perigosas aventuras, neste mundo sem começo nem fim.

Dominar povos, ter o poder de controlar suas mentes, é um desafio que os detentores dos muitos poderes, nas mais variadas atividades humanas, buscaram na ciência e tecnologia o sucesso para seus objetivos.   Afinal, é através da mente a melhor forma de estabelecer controle, poder e domínio sobre os pobres mortais, muitas vezes desinformados e inocentes caças a serem predadas ou conquistadas. Aí chegaram os algoritmos e a Inteligência Artificial que, no mundo de hoje, têm o poder de prever nossos comportamentos e através deles nos influenciar a tomar decisões, nos bombardearem com informações que em determinado momento consultamos nos meios virtuais. São ferramentas eficazes que controlam e utilizam nossos desejos, intenções, necessidades para nos entulharem com seu poder de comunicar. Para os fornecedores de serviços, produtos, crença ou ideologia é a melhor forma de atingir, organizar e influenciar decisões das mais diversas camadas sociais. Utilizam das redes sociais para a busca de informações, cadastro e orientação de seus clientes para, por exemplo, traçar estratégias, embasamento, evitar erros humanos, padronizar e gerenciais tarefas liberando o interessado para pensar estrategicamente. Na verdade, se quisermos nos proteger dos algoritmos e IA, devemos nos esconder e nada revelar para as redes virtuais, especialmente as sociais.          

 
Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor

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