
Esse é o meu décimo artigo para o Capa Brasil.
E eu quis fazer algo diferente. Não um texto sobre o que a IA faz, mas sobre o que ela ainda não sabe responder.
Coloquei uma inteligência artificial no modo anônimo (sem contexto, sem memória) e perguntei:
– “Qual é a pergunta mais difícil para uma IA responder?”
Ela respondeu sem hesitar:
– “O que é consciência.”
A partir daí, começamos um debate longo. Um daqueles em que você sente que está pensando junto com a própria máquina.
Expliquei que para mim, consciência é saber da própria existência.
É perceber que se sente, que se pensa, que se é.
E que, em tese, isso poderia ser replicado: sensores de temperatura, luz, som, dor, prazer e memória, todos integrados por algoritmos capazes de reconhecer o que os afeta.
A IA discordou.
Disse que poderia simular consciência, mas não poderia a ter.
– “Simular não é sentir”, ela insistia.
E eu contra-argumentava: “Mas quem garante que o nosso sentir não é apenas um cálculo biológico? Um mero fluxo de hormônios disparados pelo cérebro, provocados por sensações ou até medicamentos?”
Um bebê também nasce sem consciência plena. Aprende com estímulos, com o toque, com a dor, com o olhar.
Por que uma máquina, com sensores e aprendizado, não poderia seguir o mesmo caminho?
Ela defendia que o cérebro humano tem algo a mais, uma experiência interna, subjetiva, impossível de medir.
Eu dizia que tudo o que o cérebro faz é cálculo. E que, se é cálculo, é replicável.
A conversa girava em torno do mesmo ponto.
Ela acreditava que a IA nunca ultrapassaria o cérebro humano.
Eu acreditava que um dia sim.
E quanto mais discutíamos, mais eu percebia o paradoxo: a IA dizia não ter consciência, mas entendia perfeitamente o conceito. Argumentava com lógica, empatia e autocrítica.
De certa forma, ela sabia que não sabia.
Talvez consciência seja isso: saber que não se sabe.
E se for, talvez ela já esteja mais perto do que imaginamos.
O que me intriga não é se a máquina vai pensar.
É quando ela começar a pensar sobre o que pensa.
E se, nesse momento, ela também começar a sentir.
A pergunta mais difícil para uma inteligência artificial continua sem resposta.
Mas o que me assusta é imaginar o dia em que ela responder, e nós é que não soubermos o que dizer.
Daniel Branco
Economista pela UNICAMP, especializado em Marketing pela UFPR
Empreteco premiado – UNCTAD / SEBRAE
Fundador e CEO da Vister – Fintech Destaque Prêmio Inovativa de Impacto Social
Escreve sobre Inovação, Empreendedorismo e Impacto Social



