Craque Estêvão, o “anti Neymar” (por Erasmo Angelo)

Sempre escalado no time inglês do Chelsea de forma segura e gradual pelo treinador Enzo Maresca, o jovem craque Estêvão (18 anos) virou [...]

Sempre escalado no time inglês do Chelsea de forma segura e gradual pelo treinador Enzo Maresca, o jovem craque Estêvão (18 anos) virou rapidamente um ídolo da torcida do seu clube e caiu nas graças da sempre exigente imprensa inglesa.

Na sua metódica tarefa de preparar o jovem astro brasileiro, o treinador Maresca, mesmo apontando Estêvão como dono de um “um talento incrível”, ressalta que a questão “não é sobre idade, é sobre entender quando não jogar”.

O próprio craque, com seu jeito simples e dono de uma humildade que cativa o torcedor inglês, reconhece tudo o que vem sendo feito para deixá-lo em plenas condições de jogar a intensidade do futebol local: “É um jogo disputado totalmente diferente do que eu estava acostumado no Brasil”,  disse após o clássico contra o Liverpool quando entrou no segundo tempo, brilhou e ainda marcou o gol da vitória, nos acréscimos, para delírio da torcida do Chelsea.

No último sábado, na vitória sobre o Wolverhampton (3 a 0), Estêvão entrou em campo aos 19m da fase final, tempo suficiente para merecer elogios do londrino Telegraph: “Podem ter sido Malo Gusto, João Pedro e Pedro Neto que marcaram os gol, mas era o nome do prodígio brasileiro William Estêvão que os torcedores do Chelsea cantavam no sábado à noite” no Estádio Stanford Bridge.

Já no londrino The Sun, o jornalista Tim Vickery ao informar que Estêvão havia revelado que o seu principal ídolo no futebol era Neymar, juntamente com Messi, faz “um alerta” ao jovem craque aconselhando Estêvão a “seguir um projeto de carreira” diferente daquele que foi percorrido por Neymar.  Afirma Tim Vickery:

“Além da inspiração, a carreira de Neymar também serve de alerta. Petulante demais, um estilo de jogo dependente demais de faltas, fácil demais para ir ao chão, preocupado demais com o estilo de vida de celebridade fora de campo. Algumas das pessoas por trás dos novos talentos do Brasil – e hoje em dia todos eles vêm com uma equipe de apoio considerável – estão ansiosas para garantir que esses excessos não sejam repetidos pela nova geração. Estêvão é um exemplo disso. Ele parece estar à altura da fama de ser o talento mais promissor do Brasil desde Neymar”.

No seu frustrante retorno ao Santos, Neymar apenas tem mostrado o flagrante declínio técnico que já o acompanha há três ou quatro anos e que justificou a decisão do futebol árabe de dispensá-lo. E de graça.

Marcou apenas três gols nos 15 jogos pelo Santos no Brasileirão. Em todos, não jogou nada. Disciplinarmente, piorou. Levou sete cartões amarelos e um vermelho. Segue reclamando de tudo e de todos. Cai em quase todos os enfrentamentos com adversários (que é sua antiga marca). Entrou firme na campanha (justa, por sinal) contra os gramados sintéticos. Preferiu não enfrentar o Palmeiras no dia 6 último porque o gramado do Allianz é de plástico e assim achou que reuniria plenas condições para enfrentar o Flamengo, sob os holofotes (o que mais gosta). Jogar no Maracanã ante milhares de torcedores e uma plateia de milhões pela TV.

Como era possível prever, deu tudo errado. No último domingo, durante 85 minutos, Neymar fez algumas jogadas (raras); foi facilmente dominado pelos jogadores do Flamengo; gritou, humilhou e gesticulou contra os próprios companheiros do time santista; discutiu, esbravejou e insultou o árbitro (levou só o amarelo). Acabou derrotado pelas próprias e precárias condições físicas e deixou o campo aos 40m do segundo tempo sob intensas vaias de 70 mil pessoas. Teve tempo ainda para reclamar do seu técnico e chutar com raiva uma garrafinha de água próxima ao seu treinador. Foi tudo deprimente.

Quem bem definiu toda a arrogância e aquele futebol desolador que Neymar exibiu no Maracanã, contra o Flamengo, foi o escritor e jornalista André Alliatti de quem tomei emprestado algumas linhas do seu blog e que refletem a imagem do Neymar de hoje. Diz Alliati:

“As qualidades de Neymar definham enquanto seus defeitos não mudam. Aos 33 anos, o jogador perdeu competitividade, explosão física, capacidade de enfrentamento. E mantém o individualismo, o destempero, a imaturidade. Ele caminha para um fim de carreira melancólico, injusto com o futebol que desfilou mundo afora, mas coerente com sua postura”.

Que o craque Estêvão, com sua humildade, siga sendo o nosso “anti-Neymar”.






Erasmo Angelo é Jornalista, formado em História e Geografia pela PUC/MG. Foi Redator e Colunista do Jornal Estado de Minas dos Diários Associados, e do Jornal dos Sports/Edição MG, cobrindo o futebol e esportes no Brasil e no Exterior, em Campeonatos Mundiais de Futebol e em Olimpíadas. Atuou destacadamente na TV e na Rádio, na TV Itacolomi, TV Alterosa, Rádio Itatiaia, Rádio Guarani e Rádio Mineira. Foi Presidente da ADEMG – Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais, na administração do Mineirão e do Mineirinho. Foi Editor da Revista do Cruzeiro. Autor



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