A tragédia de Brumadinho

Pela primeira vez tive a oportunidade de visitar e conhecer o Memorial dedicado aos atingidos mortos durante a [...]

Pela primeira vez tive a oportunidade de visitar e conhecer o Memorial dedicado aos atingidos mortos durante a tragédia da Vale, em Brumadinho.

Fiquei impressionado com o que vi, uma obra arrojada e um projeto museológico em perfeita sintonia com o drama humanitário da tragédia, tudo concebido pelo talento reconhecido do arquiteto Gustavo Penna e a equipe que ele liderou.

Já tive a chance de visitar o Museu do Holocausto, em Jerusalém, e o Memorial dedicado ao genocídio armênio do século passado, construídos quando a memória viva e trágica dos acontecimentos já pertencia à história.

O Memorial do Córrego do Feijão, diferentemente, foi idealizado e edificado durante o horror dos fatos, da dor e do sofrimento das famílias, da desolação dilacerante da morte imprevista, improvável e cruel! Por isso, o Memorial de Brumadinho tem um significado singular, porque tendo sido construído no calor dos acontecimentos, não trata de um passado distante. Lá é inevitável sentir a sensação doída da tragédia, de aquilatar a dor do outro e verificar, ao mesmo tempo, que há um espaço para evitar o esquecimento, como um marco ancestral, erigido para a posteridade.

É PRECISO LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER!!!

Lembranças revividas.

Vidas interrompidas,
Sonhos desfeitos,
Incúria do malfeito,

Impunidade mórbida,
Justiça inócua.


José Carlos Carvalho é Engenheiro Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Doutor Honoris Causa pela Universidade e Lavras, Conselheiro do Instituto Inhotim e da Fundação do Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. Foi Ministro do Meio Ambiente e Secretário do Meio Ambiente de Minas Gerais. Autor.