Os ventos da história não são silenciosos. Sopram em rajadas imprevisíveis, redesenhando fronteiras, ruindo certezas e testando a força dos que caminham à frente. Quando as ventanias se aquietam, logo se cria a ilusão de calmaria, mas o tempo, com sua lógica própria, revela as rachaduras das construções e movimentos humanos. E o vendaval segue.
Assim, alguns fatos mudam o curso do mundo. Outros mudam nosso modo de vê-lo.
Observa-se, ao longo da história, que até mesmo aqueles que ocuparam o centro das decisões foram surpreendidos por transformações que eles próprios ajudaram a desencadear. O tempo presente nos coloca a todos diante de riscos constantes e nos cobra uma leitura atenta e clara do cenário em que vivemos, não apenas dos mercados e negócios, mas dos fluxos mais profundos: os culturais, sociais, éticos e das camadas humanas, reais e invisíveis.
Hoje, estamos todos em um grande e barulhento tabuleiro em constante movimento, onde as regras mudam enquanto ainda estamos em jogo.
Nesse contexto, torna-se essencial voltar-se ao que é simples, mas decisivo: enxergar e compreender o que não é evidente. Explicar não é apenas descrever o que aconteceu, mas buscar o sentido por trás do fato, o que o provocou e o que ele anuncia.
Diante da avalanche de dados, ruídos e interpretações apressadas, ganha força quem consegue pausar, reunir os elementos e oferecer clareza e consistência. Ou seja, aquele que aquieta o pensamento e enxerga os acontecimentos com calma e lucidez, o visível e o invisível que mudam rumos.
E, assim, torna-se possível construir um mundo interdependente, tecido por uma única rede de milhares de conexões, sustentado por uma inteligência coletiva, onde todos ganham, envolvidos no verdadeiro sentido do sucesso no viver.
O vento, quando sopra forte, não pede licença. Não perdoa distrações. A história nos ensina que é preciso reconhecer quando o ar muda de direção. O tempo não espera.
Avante!
Vera Helena Castanho é Psicoterapeuta em Base Analítica.
