Nesta próxima sexta-feira, 01 de agosto, as tarifas de Trump de 50% para a Brasil deverão ser implementadas, com possíveis exceções para alguns setores, como café e manga, que os Estados Unidos não produzem, com a possibilidade da inclusão parcial de outros setores. As negociações, ao nível institucional entre os dois países, não é efetiva o quanto poderia ser, na falta de contato direto entre Lula e Trump. As tarifas, até certo ponto, prejudicam os dois países, mais prejudiciais, entretanto, ao Brasil.
Nesta semana passada, em evento político com setores da sociedade, Lula disse que “os Estados Unidos não quer conversar”, mas que se Trump estiver “jogando”, Lula disse que então “truca”. É o “Poker” x “Truco”.
Em verdade, tanto os Estados Unidos erram em suas atitudes, prejudicando a ambos os países.
Na Teoria dos Jogos, existem jogos “soma 0 (zero)”, onde a vitória de um significa necessariamente a derrota do outro, e vice-versa, como na final de um campeonato de futebol; jogos “soma +1”, onde um somente lucra se outro também lucra, como na boa ordenação do trânsito em uma cidade: e jogos “soma -1”, onde os dois lados necessariamente perdem, como em uma guerra atômica. Parece que neste caso das tarifas Estados Unidos x Brasil ambos perdem, em diferentes proporções.
Adam Przeworski introduziu o conceito de “erro” em Ciências Socias, como uma relação tripartite entre os objetivos a serem alcançados, as decisões tomadas, e as condições externas às decisões tomadas que possibilitam ou não atingir esses objetivos.
Se Trump pretendia terminar com o processo de Bolsonaro no STF com medidas que asfixiariam a economia do Brasil, errou. O Judiciário no Brasil é um poder independente, e a economia brasileira será prejudicada, mas não asfixiada. Por outro lado, Lula também erra, na radicalização retórica de termos às vezes indevidos, um tanto fora da tradição diplomática. Não que Lula e o Brasil devam ou possam ser complacentes com atitudes que possam colocar em risco nossa soberania. Mas, como diz o ditado popular, “se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro”.
Na economia, o Brasil exporta cerca 13% de seu total para os Estados Unidos, e as tarifárias levariam a uma diminuição no PIB brasileiro de cerca de 0,4% de seu total, com a perda significativa de 110 mil empregos no país em um total 110 milhões de nossa força de trabalho. Por outro lado, o comercio dos Estados Unidos com o Brasil é de aproximadamente 2% de suas exportações. Alguns setores da economia americana, entretanto, seriam prejudicados, devido à interligação na produção em alguns setores entre os países. O Americano já conta com o aumento de 12% do preço da carne em sua mesa.
Trump pode usar o Brasil como um laboratório, para ver o quanto pode interferir em países congêneres.
A ver como segue a questão.
Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e Autor
