Sabemos que Lula estava com dificuldades de se reeleger devido à situação econômica do país, na percepção do eleitor. Desde 2010 o PIB do Brasil não aumenta, por volta de US$ 2,2 trilhões em dólares correntes. Lula pegou o país com PIB de US$ 1,94 trilhão em 2022, US$ 2,17 trilhões em 2024, com a projeção de US$ 2,13 trilhões para 2025 segundo os dados do FMI. No governo Lula, a reposição salarial em seu poder de compra tem ficado abaixo da inflação anual, significativamente abaixo da inflação do preço dos produtos básicos e de alimentação, em cerca de 15% em 2024.
Em eleições, sabemos que o incumbente para ser reeleito tem que ter 50% de aprovação de seu governo (ótimo + bom), 40% para poder concorrer, e abaixo de 40% dificilmente se reelege. Antes das tarifas de Trump para o Brasil, Lula estava na casa de 26% de aprovação, com Tarcísio de Freitas com avaliação positiva crescente que poderia lhe dar a vitória no processo eleitoral de 2026.
As tarifas de Trump mexeram com o brio do país. Percebidas com mais política do que econômica, as tarifas afetam, mas não sufocam a economia do país. As exportações do Brasil para os Estados Unidos são de 12% de seu total, com a taxação de cerca de 44% dessas exportações. Em uma estrutura política mais centralizada do que a americana, o governo brasileiro, com apoio de setores econômicos, poderá obter sucesso em abrir novas frentes no comércio exterior bilateral a médio prazo.
Considerando o erro em política como uma relação tripartite entre os objetivos a serem alcançados, as decisões tomadas, e as condições externas que possibilitam ou não se atingir esses objetivos, Trump erra em sua política em relação ao Brasil. A economia brasileira é significativamente diversificada, as instituições são sólidas, e as sanções políticas ineficazes. A constituição americana é consuetudinária, com princípios gerais, e a constituição brasileira de 1988 é mais detalhada no conjunto de suas leis, provendo artigos sobre possíveis tentativas de quebra da ordem institucional, devido ao período militar anteriormente ocorrido.
Lula sobe em sua avaliação de governo chegando hoje a 31%, e Tarcísio cai em influência devido à ambiguidade em relação às tarifas. 31% está aquém dos 40% requeridos para concorrer, mas, hoje, as eleições têm expressado mais as rejeições do que os desejos. É a escolha do menos pior, que vai se caracterizando nas eleições.
As alternativas de centro político para o Brasil, que poderiam ocorrer nas eleições de 2026, ficaram prejudicadas pelas tarifas de Trump, que reascenderam a polarização no país.
Lula está de volta às eleições, com chances de vitória. Fato similar ocorreu no Canadá, após as tarifas de Trump, e o ensejo de o Canadá se tornar o 51º estado americano, com o candidato de Trudeau vencendo o candidato de oposição de direita, que era considerado como o favorito nas pesquisas.
O processo político tem sido tortuoso tento no mundo como no Brasil. Temos que esperar o curso dos fatos, sem projeções no momento.