A tentativa de intervenção em assuntos internos de outros países por Trump tem tido efeito inverso ao pretendido. De 1960 a 2024, o PIB dos Estados Unidos passou de 40% para 26% do PIB mundial. É, sem dúvidas, o maior PIB do mundo, a União Europeia com 17% e a China com 17%, respectivamente, mas 26% não determinam mais a política mundial.
Em geral, ameaças a outros países têm o efeito de unir o país contra quem as faz.
Três exemplos.
No Canadá, país tradicionalmente amigo e com significativa integração de sua economia aos Estados Unidos, Trump, ao taxar os produtos Canadenses em 25% e dizer que gostaria de ver o Canadá anexado como o 51º Estado Americano, reverteu os resultados eleitorais, onde Pierre Poilievre, do Partido Conservador, dado como eleito, perdeu as eleições para Mark Carney do Partido Liberal, candidato do então desgastado Primeiro Ministro Justin Trudeau.
No Brasil, Tarcísio de Freitas, ex-Ministro de Bolsonaro, mas não radical, consolidava-se como forte candidato de centro-direita à Presidente da República, contra Lula, então desgastado na casa dos 25% de aprovação de seu governo. Com as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros e sanções políticas a autoridades do país, com a participação de Eduardo Bolsonaro nestas decisões, e erros de Tarcísio no endosso das tarifas e sanções, a economia e a política no Brasil, em um pacto centro-esquerda, se uniram, com as exportações brasileiras aumentando mais do que as importações, o IBOVESPA subindo, e Lula recuperando a avaliação positiva de seu governo para a casa dos 35%. Lula corre hoje sozinho às Eleições para Presidente da República.
Na Argentina, Milei perdeu, em 7 de setembro deste ano, as Eleições Parlamentares da Província de Buenos Aires, que representa 37% do eleitorado do país. Em recente reunião na Casa Branca, Trump condicionou o apoio financeiro dos Estados Unidos ao país à vitória de Milei nas Eleições Legislativas da Argentina de 26 de outubro, dizendo que “se (Milei) perder, não seremos generosos com a Argentina”. Pode ser que Trump tenha prejudicado as chances de Milei nas eleições de 26 de outubro.
Às vezes, na política, se obtém o inverso do que se quer.
