
O conceito de “narrativa” existe desde quando algum homem das cavernas resolveu contar para sua tribo, como ele escapou de um tigre dentes-de-sabre.
Já na Grécia Antiga, os filósofos narravam histórias e muita filosofia também oralmente. E assim a história da vida neste planeta vem sendo contada, desde sempre, à base de narrações.
Até que veio o homem do século XXI, decidido a criar narrativas ficcionais (ou melhor, mentirosas), para subjugar meros adversários, que passaram a ser tratados como inimigos.
Um imenso atraso civilizatório, portanto.
A teoria que trata da narrativa fala em abordagem estética, psicológica, sociológica, entre outras.
Isso explica muito do que lemos e vemos atualmente. Especialmente na política partidária, na geopolítica e na análise econômica.
Fato é que as pessoas perderam a vergonha de mentir. Parece que perderam a vergonha de passar vergonha, de tão primárias que são tais aleivosias.
Mas e a verdade nisso tudo? Narrativa e verdade não têm acordo algum entre si. A história (real) sempre é contada a partir da visão de mundo de quem a escreve, e a depender da narrativa, a história se transforma em estória (para boi dormir).
E, sim, este século cheio de modernidades tecnológicas maravilhosas, parece condenado a conviver em a inverdades propositais, a partir do uso degenerado de narrativas.
Exagero meu? Que tal:
- “A vacina vem com chip e te faz virar jacaré”
- “Putin quer refazer a antiga União Soviética”
- “O dólar vai a 7 reais, por causa do déficit público”
Acima vemos achismos, fantasias e mentira deslavada. No passado, essas bobagens não chegariam sequer no jornal do bairro. Pois hoje elas atingem muitos milhões de pessoas em segundos.
Pois é a mesma tecnologia que massifica a distribuição da informação, que permitiu o encontro entre alguns agentes muito mal-intencionados com hordas de inocentes úteis, viabilizando a corrupção da verdade.
O resto é história (ou será estória?).
Mestre em Sistemas Internacionais Bancários e Estudos Financeiros pela Universidade Herriot-Watt, Professor Visitante da FIA Business School. Mercado Financeiro. Autor.