PCC, Faria Lima, Fintechs: o que a mídia não entende

Direto aos pontos: [...]

Direto aos pontos:

1. A Marcola S.A. (vulgo PCC)

Esta organização, que é tão criminosa quanto profissional, decidiu apostar na verticalização radical, operando em fazendas de cana, usinas de álcool, distribuidora de combustíveis e transportadora, postos e empresas de ônibus.

É neste setor de atividade que a “Corporação” decidiu esquentar e multiplicar o dinheiro da droga.

2. E a Faria Lima com isso? Bom, a liquidez acumulada precisa ser aplicada em algum lugar, ou eles a manteriam nos barracos das favelas?

Banco normal, daqueles que vocês não gostam, tem Compliance e Know Your Customer (KYC) rígidos e não permitiriam que 50+ bilhões de reais, de origem duvidosa, circulassem em suas contas.

É aí que entram algumas gestoras de recursos (as chamadas “Assets”), desesperadas para pagar suas contas, que aceitam investimentos até do demônio encarnado.

Ora, mas e o Compliance, e a Gestão de Risco, e a Governança, me perguntará você estupefato?

Só no papel! Mickey, Donald e o Pateta só fazendo gênero e assinando relatórios, para a dupla CVM/ANBIMA fingir que está tudo sob controle.

3. Para você entender: A Asset é quem cria o fundo de investimento e decide onde o dinheiro será aplicado.

O “xerife” de todo o processo, porém, é uma figura chamada Administrador. Na minha experiência, é essa turma que produziria o KYC.

Bancos costumam ser Administradores duros. Eu trabalhei com o BTG Pactual e eram sérios, com medo de processo e cadeia.

Aí entra a agora notória Reag. Ela tem infinitos fundos “de prateleira”. Quem quisesse lançar um fundo, era só ir lá e escolher o modelo/regulamento.

A Reag divulgou uma nota, informando que teve um (?) fundo dos caras, mas que este foi encerrado.

A ver.

Eu tenho amigos lá. Tenho certeza que não têm envolvimento em nada de errado, mas temo por suas carreiras caso a firma tenha um “Lado B” desconhecido.

Enfim, quero muito saber quem são os Administradores de todos estes fundos enrolados com dinheiro da Marcola S.A.

3. Um Sistema Precário – Note que, no papel, isso jamais deveria ter acontecido, afinal o mercado financeiro e de capitais é bastante regulado.

Acontece que seres humanos mal intencionados também pilotam estes processos. E esse povo detesta controles. Detestam gente como eu.

Pior: a coisa toda é mal supervisionada. Eu participei da criação de uma Gestora e dos seus fundos. Fui o diretor estatutário mais importante da firma.

Posso afirmar: é uma piada. Só aceitei o job porque meus colegas eram sérios.

Surpresa? Zero. Decepção? Imensa.

Mas e o PCC? Não estamos falando do bandido da favela, mas de advogado “representando investidores do segmento de commodities” (uma certa farinha branca…).

E tem mais: Dinheiro sujo e mal lavado sai aos montes na Praça dos Três Poderes, e poderá aparecer na investigação.

Será que os valorosos agentes da polícia terão perdido o seu tempo, mais uma vez?




Fernando Blanco é Mestre em Sistemas Internacionais Bancários e Estudos Financeiros pela Universidade Herriot-Watt, Professor Visitante da FIA Business School. Mercado Financeiro. Autor