Os tormentos de seis grandes clubes (por Erasmo Angelo)

O Campeonato Brasileiro/2025 chegou à semana de final da competição com seis grandes clubes, que fazem [...]


O Campeonato Brasileiro/2025 chegou à semana de final da competição com seis grandes clubes, que fazem parte da bela história do nosso futebol, sem ter o que comemorar.

Muito pelo contrário. Só lamentar. Para eles, a dose de lamentos é elevada e, para piorar ainda mais a situação em que vivem, o tempo também já conspira. É curto, curto demais para a busca de soluções que possam aliviar seus males pois a temporada 2026, com previsão de ser mais árdua ainda, está batendo na porta.

É complicado. Ficar só lamentando não adianta e planejar soluções no sufoco vai apenas agravar a já conturbada situação em que eles mesmo se meteram e por razões diversas.

Nesta trilha de insucessos, os caminhos que eles próprio escolheram não diferem muito das causas e efeitos dos males comuns que os afligem. É tudo uma mistura de incapacidade administrativa, gastos sem controle, contratações equivocadas e indevidas, planejamentos fantasiosos, vaidades, soberba, avaliações irreais e os delírios que o futebol não mais aceita.

Torcedores são todos aqueles que gravitam em torno do clube de sua paixão. Mas existe o torcedor que é administrador de um clube e que por esta terrível responsabilidade tem que agir sempre com a razão acima de qualquer paixão, pois só assim ele poderá estruturar (e manter) solidamente o clube que comanda.

Restam apenas duas rodadas para o final do Brasileirão e ao se olhar a tabela de classificação do campeonato e, paralelamente, examinar as inquietantes condições administrativas/ financeiras de gigantes do nosso futebol, como o São Paulo, Santos, Internacional, Vasco, Atlético Mineiro e Corinthians, toma-se um susto enorme. O problema destes não é só com o time que vai a campo. É o todo.

Cada um destes grandes clubes segue carregando sua cruz sem perspectivas quanto ao que fazer com ela. O São Paulo sofre com a falta de dinheiro e, pior, com o que fazer para quitar dívidas que chegam próximo de R$ 1 bi. Sem pode contratar jogadores seguiu escalando o que tem e que é muito ruim.

Já o Santos, outro “quebrado”, agravou sua longa crise político/financeira ao se enrolar na aventura de buscar em Neymar a solução para seus males. É mais um grande clube sem rumo. Como assim também segue o Vasco, que piorou ainda mais seus anos de colapso administrativo com o fracasso mais recente na experiência com a SAF. Pior é o Corinthians, com seus R$ 3 bi em dívidas e sempre às voltas com fantasias administrativas.

O Atlético Mineiro, por sua vez, apostou alto em planejamentos ousados e que posteriormente revelaram sérios equívocos. Esbanjou dinheiro respaldado pelo suporte financeiro garantido por quatro milionários, que a mídia gosta de chamar de “os 4 mecenas”. Por conta disto, a dívida hoje do Atlético SAF, segundo o portal “ge”, passa dos R$ 2 bilhões e o clube agora enfrenta dificuldades para quitar compromissos não só com seu próprio elenco, mas com pagamentos a clubes por aquisições de reforços, além de outros volumosos débitos. Diretores descartaram futuras contratações de impacto.

Já a grande torcida atleticana tem se manifestado contra a fraca produção da equipe, que foi recheada por muitas contratações que se revelaram equivocadas. Soma-se a este quadro de crise a contratação do treinador Sampaoli, que já na época de sua chegada a BH dividia a própria diretoria, com uma ala posicionando-se contra o retorno do treinador em razão dos atritos e problemas causados no seu fraco trabalho de 2020.

A ala dissidente tinha razão. Nestes seus apenas três meses à frente do Atlético (chegou em 2 de setembro), Sampaoli perdeu tudo que disputou. Eliminado pelo rival Cruzeiro na Copa do Brasil, deu vexame ao perder a Copa Sul-Americana e foi um fiasco no Brasileirão.

Aliás, o maior feito de Sampaoli nas suas fracas passagens pelo futebol brasileiro foi o inexpressivo título, pelo Atlético, de campeão do Campeonato Mineiro de 2020 impondo-se a “poderosa” equipe da Tombense, do interior de Minas.

Erasmo Angelo é Jornalista, formado em História e Geografia pela PUC/MG. Foi Redator e Colunista do Jornal Estado de Minas dos Diários Associados, e do Jornal dos Sports/Edição MG, cobrindo o futebol e esportes no Brasil e no Exterior, em Campeonatos Mundiais de Futebol e em Olimpíadas. Atuou destacadamente na TV e na Rádio, na TV Itacolomi, TV Alterosa, Rádio Itatiaia, Rádio Guarani e Rádio Mineira. Foi Presidente da ADEMG – Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais, na administração do Mineirão e do Mineirinho. Foi Editor da Revista do Cruzeiro. Autor

Compartilhe esse artigo: