
A literatura, há séculos, e o cinema, há menos tempo, tem nos ensinado sobre personagens que diante de suas decisões, escolhas e desafio ao futuro, os levam a um destino trágico, principalmente para si mesmos. Alguns autores se notabilizaram em escrever sobre tragédias com personagens fictícios ou modelados em exemplos reais, sendo Shakespeare um grande, notável e perfeito exemplo. Romeu e Julieta, Hamlet, Júlio César, Otelo, Macbeth e Rei Lear são tragédias inesquecíveis. Assim, ela tornou-se um estilo literário de sucesso ao descrever o outro lado da alma humana com seus pecados, desequilíbrios, distorções e anomalias, além das trapaças do destino. Também Dostoievsky, em Crime e Castigo, Vitor Hugo, em os Miseráveis, Homero, na Ilíada e o grande Sófocles, o grego, em Édipo Rei, são exemplos de sucesso com personagens que nos instigam e colocam valores em conflito, diante do que nós, os normais, assim os consideramos. No cinema temos o Coringa e Pinguim, em Batman, Darth Vader, em Guerra nas Estrelas, o Duende Verde em O Homem Aranha e tantos outros inimigos “número um” para ilustrarem nas telas o que a literatura tanto explora e nos seduz.
De tanto lermos nos livros, e assistirmos no cinema, é inevitável começarmos a ver, no conturbado mundo atual, novos personagens trágicos, com quem estamos habituados a conviver ou deles ter notícia. Fazem parte de nosso dia a dia a desafiarem a normalidade, praticarem atos condenáveis, fugirem dos princípios da moralidade, honra e caráter. Estamos assistindo, ao vivo e a cores, o desfile destes trágicos homens, e mulheres, a escreverem a história atual sem nenhuma preocupação com o bom destino de seus países, povos e preservação do bem, ou valores que a grande maioria dos humanos normais assim o consideram. Na visão deles suas ações são defensáveis e altruístas, mas levam milhares de pessoas à peste, fome, guerra e morte, comprometem seus destinos e se tornam trágicos. Estou falando de Putin, Kim Jong-Un, Maduro, Daniel Noboa, Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, Mohammed Sinwar, líder do Hamas, Benjamin Netanyahu, inúmeros ditadores na África e outros países do mundo, além dos terroristas profissionais. Existem também os chefes de governo que roubam, são corruptos, detentores de poder que se fazem de cegos diante das injustiças. Assim como os que a praticam de próprio punho.
Aristóteles, o sábio grego, certa vez disse a respeito destes trágicos – “Os homens possuem tal ou tal qualidade conformemente ao caráter, mas são bem ou mal aventurados pelas ações que praticam”.
Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor