Oh, Minas Gerais!

Minas é o centro da política, a síntese do país, de eleição em eleição. [...]

Dois Mineiros conversando:

– “Você que é a Mariazinha, filha de Augusta, que é tia de Abelardo, pai do Afonso?”

– “Você está falando do Afonso, que é primo de Norberto, que é irmão do Lerinho, cunhado de Dona Sá?”

– “A Dona Sá, que é tia de Almiranda, neta de Fernanda, filha de Abelardo?

– “Abelardo, filho do Otoni, pai de João da Guia, que se casou com a Augusta?

– “Se você está falando do João da Guia, que casou com a Augusta, e que a filha é a Mariazinha, a Mariazinha sou eu!”

– “Uai! Então nóis somo parente, Sô!

Minas é assim. É por isso que em Minas não se briga, se compõe. Quem compõe em Minas, compõe com todos. Quem briga em Minas, briga com todos.

Saídos da Inconfidência Mineira, com Tiradentes esquartejado, em seus restos apresentados pelo país, resolvemos ter menos exposição ao sol.

Minas é o centro da política, a síntese do país, de eleição em eleição. Quem ganha para Presidente no país, ganha em Minas para Presidente também. E quem ganha em Minas para Presidente, ganha também no país. Minas é o “swing state” do Brasil, termo pessimamente traduzido para o português, ao meu ver, para “estado pêndulo”, que não expressa o sentido original da palavra. O “swing state”, expressão originária da política Americana, é o estado onde os eleitores, conscientes, votam à esquerda quando o país tende mais para a direita, e votam à direita quando o país tende mais para a esquerda, procurando o equilíbrio da nação. Assim é Ohio, estado Americano que tem, como Minas Gerais, características similares: geograficamente central, unindo a indústria, a extração e a agropecuária, as três bases da produção econômica. Síntese política e econômica de seus respectivos países.

Oh, Minas Gerais!

Em uma homenagem aqui, a Santos Dumont! 


Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus