
Existem histórias que nasceram para ser contadas, mas, por vezes, encontram nas sombras aquele que as sussurra em silêncio, com a pena furtiva que nunca busca o holofote. É nessa fronteira entre o dito e o não declarado que vive o ghost-writer, o escritor invisível que traduz em palavras as vidas, as emoções e as memórias de outros corações.
Ele é aquele que escuta atentamente, que mergulha nas histórias alheias com a sensibilidade de quem conhece o poder do silêncio — e das entrelinhas. Não escreve para si, mas para dar voz àqueles cujas palavras nascem no íntimo, mas precisam cruzar o espaço público com a força da verdade e da emoção.
Cada frase assinada por outro carrega, em segredo, a alma discreta do ghost-writer, esse artífice da narrativa que abraça o mistério de permanecer ausente. Seu ofício é um delicado ato de transformação, onde o invisível se torna tangível, o inaudível, ressonante — e a escrita, um testemunho de vidas e ideias que merecem ser eternizadas.
No mundo acelerado em que vivemos, em que o tempo é luxo e a palavra, moeda rara, o ghost-writer é o guardião das histórias que não podem esperar. Ele honra a confiança silenciosa, costurando com palavras sonhos, memórias e projetos, ajudando-os a ganhar asas sem jamais buscar o aplauso.
Comecei minha jornada como Ghost-Writer há pouco tempo — um mundo novo que desbravo com curiosidade e dedicação. Estou aprendendo, absorvendo saberes de quem trilha esse caminho há mais de uma década, Ariane Abdallah Silvia Balieiro, e percebendo que escrever para outro é um gesto de confiança profundo, uma arte que vai além da técnica, um compromisso delicado com cada história e com a essência de quem a vive.
Ser Ghost-Writer não é uma simples profissão, mas uma parceria sincera com a escrita e com a verdade que ela deve carregar, um constante aprendizado para transformar vozes alheias em memórias vivas, sem jamais apagar a autoria que elas merecem.
Por trás de cada história contada com verdade, há um eco que perdura no mundo — e é nessa missão silenciosa que encontro a minha voz.
*Artigo originalmente publicado no Diário de Taubaté e Região
Danielle Balieiro Amorim é Jornalista, Escritora e Ghost-Writer. Na Accenture, desenvolveu expertise em Comunicação, Gestão de Pessoas, PMO, Treinamento e Desenvolvimento, entre outras áreas. Escreve duas colunas semanais para o jornal Diário de Taubaté e para revistas brasileiras nos Estados Unidos. Tradutora dos idiomas Inglês, Português e Espanhol. Autora do livro infantil “As Aventuras de Ximin em: Floresta Mágica”. Podcast para crianças no Youtube: “Contos para Sorrir”.



