
Um “PIX da IA” seria uma plataforma pública ou híbrida, gratuita, em português, acessível por aplicativos já massificados como WhatsApp. Leve, simples, capaz de responder em segundos, com transparência e proteção de dados.
O precedente do PIX
O PIX transformou a inclusão digital e financeira no Brasil de forma inédita. Em apenas 100 dias, mais de 70% dos brasileiros que conheciam a ferramenta já tinham uma chave cadastrada. A receita do sucesso foi simples: rapidez, ausência de burocracia e solução real para um problema cotidiano.
O Banco Central conseguiu massificar em semanas uma tecnologia que, até então, parecia distante da maioria da população. O impacto foi tão forte que o PIX se tornou referência internacional de inovação inclusiva.
O risco de um gap cognitivo
Com a Inteligência Artificial, o desafio é semelhante, mas ainda mais urgente. Se a adoção for lenta e restrita a poucos, criaremos um gap cognitivo mais profundo que o financeiro. Quem não tiver acesso ficará em desvantagem na educação, nos negócios, na informação e até em serviços básicos — como uma simples petição no Juizado Especial.
A urgência é social. A inclusão em IA precisa chegar às escolas, comunidades, microempreendedores e periferias com a mesma naturalidade com que o PIX chegou ao celular de milhões de brasileiros.
O que seria um “PIX da IA”
Um “PIX da IA” seria uma plataforma pública ou híbrida, gratuita, em português, acessível por aplicativos já massificados como WhatsApp. Leve, simples, capaz de responder em segundos, com transparência e proteção de dados.
Assim como o Banco Central garantiu neutralidade no PIX, é essencial que a governança da IA não fique restrita a poucas empresas globais. Precisamos de algoritmos auditáveis, regras claras e aderência à LGPD para proteger a população.
O papel das universidades
As universidades públicas podem desempenhar papel central nesse processo. Ao longo de décadas, mostraram compromisso com ciência, educação e desenvolvimento nacional. São espaços legítimos para sediar debates éticos e propor modelos de governança que equilibrem inovação, inclusão e soberania tecnológica.
Conclusão
O Brasil já provou que consegue massificar rapidamente uma tecnologia que parecia inalcançável. O PIX é a prova de que inclusão pode ser feita com simplicidade, velocidade e escala.
Repetir a fórmula agora, com a Inteligência Artificial, é mais que uma oportunidade: é uma necessidade. Quanto mais demorarmos, maior será a exclusão digital e cognitiva. O futuro não espera, e a população brasileira também não pode esperar.
Daniel Branco
Economista pela UNICAMP, especializado em Marketing pela UFPR
Empreteco premiado (Cria, Ecoinovação e Selos) – UNCTAD / SEBRAE
Fundador e CEO da Vister – Fintech Destaque Prêmio Inovativa de Impacto Social
Escreve sobre Inovação, Empreendedorismo e Impacto Social