
Fiz meu doutorado em Chicago de 1978 a 1982. Naquela época, a União Soviética ainda persistia, com a queda do Muro de Berlim em 1989, e a dissolução da União Soviética em 1991.
Um dia, meu Orientador, Adam Przeworski, a quem tanto estimo, me disse: “Ricardo, a revolução capitalista no Brasil é muito mais difícil do que a revolução socialista. Não que a revolução capitalista no Brasil seja possível!”
É isso, meus Senhores e Senhoras. O Brasil não em jeito!
Como na música de Carlos Lyra:
“O Brasil é uma terra de amores
Alcatifada de flores
Onde a brisa fala amores
Em lindas tardes de abril
Correi pras bandas do sul
Debaixo de um céu de anil
Encontrareis um gigante deitado
Santa Cruz… hoje o Brasil
Mas um dia o gigante despertou
Deixou de ser gigante adormecido
E dele um anão se levantou
Era um país subdesenvolvido
Subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido…”
O Brasil é um país impar no mundo. Patrimonialista, nos termos de Max Weber, onde o Estado é dominado por interesses de grupos políticos e econômicos, sem que represente a sociedade. Raimundo Faoro nos fala do legado Português patrimonialista do poder, com o Estado servindo aos interesses de grupos específicos; Bruno Carazza nos fala da apropriação indébita das classes estatais sobre o agora espólio da nação; e Edson de Oliveira Nunes nos explica como o Brasil funciona, do clientelismo, corporativismo, insulamento burocrático (ilhas de eficiência), e universalismo das ideias (onde as nossas discussões decorrem).
De 2010 a 2024, o PIB do mundo aumentou de US$ 66,7 trilhões para US$ 111,3 trilhões; Estados Unidos de US$ 15,1 trilhões para US$ 29,2 trilhões; China de US$ 6,2 trilhões para US$ 18,7 trilhões; União Europeia de US$ 14,6 trilhões para US$ 19,5 trilhões. O Brasil patina, estagnado, de US$ 2,21 trilhões em 2010, para US$ 2,18 trilhões em 2024.
That is it! Nothing more to say.
O que fazer?
Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago