
Nos dez últimos artigos, refletimos sobre inclusão, pensamento crítico, produtividade e até consciência. Parece claro que já passamos da fase romântica da Inteligência Artificial.
A fase das descobertas rápidas, experimentos curiosos e divertidos, agora dá lugar a outra etapa, menos barulhenta e mais séria, o momento de fazer a pergunta:
Será que a IA está indo longe demais, ou rápido demais, para uma sociedade que ainda não absorveu nem o básico do que veio antes?
A sensação é de uma euforia que não fecha com a realidade.
Nossas expectativas parecem maiores que a entrega dos modelos, e nos frustramos (quando percebemos, pois, muita gente percebe tarde demais).
O mercado vende “avanço infinito”. A internet repete “vai substituir tudo, vai acabar o trabalho”.
As empresas se apressam para não “ficar para trás”.
Quem consegue acompanhar tudo isso?
A tecnologia avança em meses.
As instituições levam décadas.
E as pessoas…bom, as pessoas ainda estão tentando entender como a IA escreve um texto que parece humano (não é mágica, nem é um humaninho rápido do outro lado do planeta, é apenas matemática – a fria e seca lógica algorítmica).
Enquanto isso, por trás da animação coletiva, algo mais profundo começa a aparecer.
É o primeiro sinal de que a euforia está ultrapassando o bom senso.
Os custos energéticos explodem.
A infraestrutura mundial dá sinais de limite físico.
Grandes empresas tentam vender velocidade como se fosse sinônimo de profundidade.
E cada novo modelo promete “mudar tudo”, quando na prática muda pouco, exceto a conta de luz…
Além desse ponto que indica um caminho na direção da “exaustão” dos recursos, há outro ponto para discussão, tão ou mais importante que os anteriores:
A IA não está apenas substituindo trabalhos; está substituindo ritmos.
O ritmo de aprender, de decidir.
De pensar !!!
E também o ritmo de saber o que é verdadeiro.
E toda vez que uma tecnologia mexe no ritmo da vida, o impacto é maior que o impacto no mercado.
Não é a primeira vez que o mundo confunde hype com transformação.
Mas é a primeira vez que uma tecnologia muda nossa relação com o tempo, com o trabalho, com o pensamento, e por que não dizer “com a própria noção de realidade”.
O que acontece quando a sociedade tenta acompanhar uma tecnologia que não espera ninguém?
Porque a pergunta que define esta fase não é “o que a IA é capaz de fazer”, mas:
O que acontece quando o ritmo da tecnologia passa a ser incompatível com o ritmo humano?
Daniel Branco
Ser humano, Economista
Empreendedor e Mentor
Especialista em IA Aplicada



