
Nossa querida capital, foi a primeira cidade planejada do Brasil. Nasceu para ser a cidade do futuro, do verde, com amplas avenidas, inspirada em Washington e Paris. A ideia é que fosse a cidade Jardim, e, realmente muitas árvores ainda marcam a nossa paisagem.
A capital de todos os mineiros, nasceu expulsando todos os moradores que haviam em seu perímetro.
A ideia é que a cidade ficasse até os limites da av. do Contorno, com uns 300 mil habitantes. Breve, os limites foram expandindo-se, e, com vias menores, sem planejamento, sem manter as ideias da criação da cidade.
Um genial prefeito, Juscelino Kubitschek, criou a Pampulha, um lago artificial, convidando o jovem arquiteto Niemeyer para fazer da arte de suas pranchetas a Igrejinha da Pampulha, o Cassino e a Casa do Baile, criando uma de nossas marcas turísticas.
A cidade foi inventando e reinventando-se ao longo do tempo. Um dos maiores exemplos é o nosso Mercado Central, referência mundial da culinária e da arte de Minas.
Viramos uma capital cultural com grandes artistas plásticos, Guignard, Yara, Drummond, Pedro Nava, Risoleta, os Irmãos Borges, Milton, Toninho Horta, Marco Antônio Guimarães, Grupo Corpo, Galpão, Tizumba, Pacífico Mascarenhas…
Desde sempre discutiu-se a vocação e vocações da nossa BH. Como nascemos para ser a capital do Estado, os serviços seriam uma das votações naturais, mas, quais outras vocações nossa capital encontraria?
O turismo, nasceu naturalmente, também. Viramos referência na área médica, sendo um dos melhores centros de excelência na medicina.
Na década de 90, fomos umas das primeiras capitais a investir na tecnologia, no Governo Patrus em parceria com a Universidade Federal, chegando na criação do BHTEC, com o objetivo de sermos a cidade da tecnologia e do conhecimento. Depois o papel da PBH, ficou perdido no tempo.
Hoje, ao invés de estarmos discutindo a melhor forma de BH enfrentar seus grandes desafios, e estar inserida na vanguarda como cidade acolhedora, sustentável, que resolve seus graves problemas sociais, que aponta para a indústria do futuro, resgatando suas vocações, o que se coloca em pauta, prédios de 50 andares no centro de BH, centro este abandonado pelas últimas administrações. Nada se fala sobre os moradores de ruas, um centro sem nenhum cuidado, lojas aos montes fechadas, a cidade com seríssimos problemas de mobilidade, de planejamento sério.
Parece piada de mal gosto. O nosso problema não são as alturas dos prédios, que só irão agravar ainda mais os sérios problemas vividos, e, só irão agradar a indústria da construção.
Precisamos repensar e resgatar nossa cidade Jardim, enfrentar os problemas multiplicados, reconstruir a cidade que tanto amamos.
Post factum: Fenômeno que acontece em outras capitais.
Roberto Carvalho é Autor e Poeta

