Arqueólogos e especialistas em medicina antiga vêm confirmando que o Egito Antigo dominava procedimentos médicos muito mais complexos do que se supunha. Entre eles está a trepanação, a perfuração cirúrgica do crânio, realizada há mais de 4 mil anos.
Para se ter dimensão desse avanço: há mais de quatro milênios, enquanto grande parte da humanidade mal conseguia tratar uma ferida simples, cirurgiões egípcios já perfuravam crânios humanos e com sucesso surpreendente. Pare e pense nisso: nenhuma anestesia moderna, nenhum antibiótico, nenhuma técnica estéril de assepsia. Apenas conhecimento, coragem e instrumentos metálicos nas mãos de profissionais que compreendiam algo fundamental sobre o corpo humano.
As evidências mais claras vêm de crânios encontrados em diversas necrópoles, muitos com aberturas circulares feitas com precisão. Exames detalhados revelam cicatrização óssea, indicando que parte dos pacientes sobreviveu à operação, um feito extraordinário para a época.
Registros como o Papiro Edwin Smith, datado de cerca de 1700 a.C., reforçam essa leitura. Considerado um dos mais antigos tratados cirúrgicos já descobertos, o documento descreve casos de traumatismos cranianos, métodos de observação clínica e abordagens sistemáticas para ferimentos na cabeça. Embora não mencione a trepanação diretamente, evidencia o profundo conhecimento anatômico dos egípcios.
O conjunto dessas descobertas, crânios perfurados com sinais de cura e documentos médicos detalhados mostra que muito antes da medicina grega ou romana, o Egito já realizava cirurgias neurológicas rudimentares com taxa real de sobrevivência.
Os faraós não apenas construíram monumentos que duraram milênios. Eles construíram um legado médico que ainda nos intriga e inspira. Uma civilização que há quatro mil anos tinha respostas que o resto do mundo ainda estava aprendendo a formular as perguntas. Um avanço notável para uma civilização de mais de quatro milênios.



