Ancelotti tem só oito meses (por Erasmo Angelo)

A partir do dia 11 próximo, Carlo Ancelotti terá apenas oito meses para preparar e armar a Seleção Brasileira visando a Copa do Mundo de 2026. [...]

A partir do dia 11 próximo, Carlo Ancelotti terá apenas oito meses para preparar e armar a Seleção Brasileira visando a Copa do Mundo de 2026. Vale lembrar ao leitor que o Mundial do ano que vem tem inovações. Será a primeira edição com 48 seleções, que disputarão a competição de 11 de junho a 19 de julho em 16 cidades dos Estados Unidos, México e Canadá.

Serão 12 grupos com quatro seleções em cada um, com jogos em 11 estádios nos Estados Unidos, três no México e dois no Canadá. O sorteio das 48 seleções que integrarão os 12 grupos será em 5 de dezembro no Kennedy Center, em Washington, as 13h (de Brasília). No total, a Copa terá 104 partidas e a seleção campeã vai jogar oito vezes.

Os dois primeiros colocados de cada grupo mais os oito melhores terceiros colocados se classificam para a fase seguinte, eliminatória. Ou seja, os 32 classificados se enfrentam em chaves, em mata-mata, até a final da Copa. A abertura será no Estádio Asteca, na Cidade do México, em 11 de junho, e a decisão do título em Nova Iorque/Nova Jersey, no dia 19 de julho.

É neste ambiente renovado na estrutura de uma Copa do Mundo, que Ancelotti terá que idealizar sua própria estrutura de trabalho para dotar a tão criticada Seleção Brasileira de condições individuais, técnicas e coletivas afim de fazer a torcida acreditar que seu time terá chances de vencer a Copa.

Todos sabem muito bem que Ancelotti não tem culpa alguma pela situação negativa a que chegou a seleção, com seu baixo crédito internacional, o que a coloca, hoje, como improvável candidata a chegar à final da competição. Isto levando-se em conta o poderio técnico/individual e o grande favoritismo de seleções como Espanha, França, Argentina, Portugal e Inglaterra, além das costumeiras, boas e organizadas equipes da Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Croácia.

O triste papel protagonizado pela Seleção Brasileira ao classificar-se apenas em 5º lugar no encerramento da frágil eliminatória sul-americana para a Copa, somada à sequência de fracassos nas competições que disputou nos últimos anos, servem para ilustrar o quase desânimo do torcedor e, consequentemente, dar razão aos críticos internacionais em suas análises negativas sobre o que aconteceu com o nosso futebol.

Ancelotti começou tarde demais (culpa da CBF) e nem teve tempo para nada. Nem conhecia direito o futebol que se pratica atualmente no Brasil. Nestes apenas oito meses que faltam até a Copa do ano que vem, ele vai ter que trabalhar com o que a CBF lhe deu. E que é pouco, muito pouco, em se tratando de Copa do Mundo.

Para realmente testar o time que terá em mãos e avançar no seu trabalho, Ancelotti pediu amistosos (pelo menos um ou dois) contra algumas das fortes seleções da Europa. Mas o que a CBF lhe deu até agora, faltando tão pouco tempo para o Mundial, foram dois joguinhos de baixo significado técnico contra Coréia do Sul, dia 10 próximo, em Seul, e diante do Japão, quatro dias depois, em Tóquio.

O pessoal da CBF pode argumentar – e serve apenas como argumentação – que são amistosos “como treinos” e válidos para a formação de um conjunto. Pergunta-se: alguém acredita que esses joguinhos servem de testes para avaliar a força do time, levando-se em conta que nas recentes eliminatórias sul-americanas da Copa, e diante de uma maioria de adversários bem fracos, o Brasil ficou apenas em um criticado 5º lugar? Muito preocupante.

Então, é aí que entramos na fantasia do milagre. Apesar de todas as adversidades possíveis, imagináveis, e até inimagináveis, o treinador Carlo Ancelotti virou o salvador da pátria. Passou a assumir, talvez involuntariamente, a responsabilidade de ser a única esperança do torcedor em vê-lo fazer da Seleção Brasileira um time capaz de dobrar os poderosos e favoritos ao título da Copa/26 e assim conquistá-la heroicamente. Tomara!

Mas, a realidade indica que, HOJE, isto ainda esbarra no milagre.




Erasmo Angelo é Jornalista, formado em História e Geografia pela PUC/MG. Foi Redator e Colunista do Jornal Estado de Minas dos Diários Associados, e do Jornal dos Sports/Edição MG, cobrindo o futebol e esportes no Brasil e no Exterior, em Campeonatos Mundiais de Futebol e em Olimpíadas. Atuou destacadamente na TV e na Rádio, na TV Itacolomi, TV Alterosa, Rádio Itatiaia, Rádio Guarani e Rádio Mineira. Foi Presidente da ADEMG – Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais, na administração do Mineirão e do Mineirinho. Foi Editor da Revista do Cruzeiro. Autor