
1. O PIB Chinês cresceu — só nas planilhas
A China anunciou com pompa e convicção que seu PIB cresceu 4,8% no terceiro trimestre de 2025. Para os desavisados, o número pode até parecer plausível — afinal, o regime chinês tem por hábito atingir suas metas “de cerca de 5%” com a mesma precisão que um relógio suíço. Mas a diferença é que na Suíça o relógio marca o tempo; na China, ele marca a narrativa.
2. A Bomba-Relógio da dívida: uma comparação crítica
2.1 China: uma crise de dívida em múltiplas dimensões
A situação da dívida chinesa representa um dos maiores riscos sistêmicos para a economia global. Em 2024, a dívida total não-financeira da China atingiu impressionantes 312% do PIB, segundo o Fundo Monetário Internacional — um aumento substancial em relação aos 245% de anos anteriores. Este índice coloca a China como uma das economias mais endividadas do mundo, especialmente preocupante para um país de renda média.
Em meados de 2025, o financiamento social total da China alcançou RMB 430,2 trilhões (aproximadamente USD 60 trilhões), crescendo 8,9% ano a ano, enquanto o PIB nominal cresceu apenas 4,1% no mesmo período. Como resultado, o financiamento social total subiu de 303% do PIB no final de 2024 para 309% em apenas seis meses. Esta divergência entre o crescimento da dívida e o crescimento econômico é o sinal mais claro de uma economia em profunda dificuldade.
Decomposição da dívida Chinesa por setor (2024-2025):
• Dívida Governamental: 88-96% do PIB
• Dívida das Famílias: 60,10% do PIB
• Dívida Corporativa: ~164% do PIB
Os dados revelam uma das contradições mais devastadoras da narrativa oficial chinesa: enquanto o governo proclama crescimento de 4,8% no PIB, as receitas governamentais colapsaram em 2025, voltando aos níveis de 2020. Esta é uma impossibilidade econômica fundamental — uma economia que genuinamente cresce quase 5% não perde receita tributável. A única explicação plausível é que o crescimento oficial é, em grande parte, fabricado.
2.2 Índia: dívida elevada mas transparente e gerenciável
A dívida pública da Índia, embora elevada, apresenta características fundamentalmente diferentes da dívida chinesa. A dívida nacional indiana atingiu USD 3.159,36 bilhões em 2024, representando 81,6% do PIB. Projeções indicam um pico de 82,3% no ano fiscal de 2025, seguido de declínio gradual para 80,5% até o ano fiscal de 2029.
Principais diferenças estruturais:
− Transparência vs. Opacidade
A dívida indiana é reportada de forma transparente e auditada por instituições independentes. A dívida chinesa inclui massivos passivos ocultos impossíveis de quantificar com precisão.
− Trajetória Sustentável vs. Insustentável
A Índia implementou a Lei de Responsabilidade Fiscal e Gestão Orçamentária, visando reduzir o déficit fiscal para 4,5% do PIB até 2025-2026. A dívida da China está projetada para continuar aumentando inexoravelmente devido ao envelhecimento populacional, desaceleração do crescimento e aumento das demandas de gastos sociais.
− Crescimento Real vs. Crescimento Artificial
As receitas governamentais indianas cresceram aproximadamente 400% entre 2016 e 2025, em perfeita sincronia com o crescimento do PIB. Isto demonstra crescimento econômico genuíno. As receitas chinesas, em contraste, colapsaram em 2025 mesmo com “crescimento” oficial de 4,8%.
3. Dinâmica de crescimento: a grande reversão
3.1 O fim da era de domínio Chinês
Por décadas, a China foi sinônimo de crescimento econômico explosivo. Taxas anuais de crescimento de 10% ou mais eram comuns. A China se tornou a “fábrica do mundo” e tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza. Mas essa era acabou definitivamente.
As projeções de consenso de instituições como o FMI, Banco Mundial e painéis de especialistas convergem para uma realidade inevitável: a China está entrando em uma fase de desaceleração estrutural permanente. O crescimento já caiu para a faixa de 4-5% (oficialmente), mas analistas independentes estimam que o crescimento real está entre 2,2% e 3,1%.
− Projeções de crescimento para a China:
• 2025: 4,0-4,8% (oficial) | 2,2-3,1% (estimativa real)
• 2026: 4,2% (projeção Banco Mundial)
• 2030-2035: Abaixo de 4% ao ano (consenso de especialistas)
• 2040-2050: Potencialmente abaixo de 3% ao ano
− Fatores estruturais da desaceleração:
• Envelhecimento Populacional
• Esgotamento do Modelo Exportador
• Crise de Dívida
• Sobrecapacidade Industrial
• Colapso do Setor Imobiliário
3.2 Índia: o novo motor do crescimento Asiático
Enquanto a China desacelera, a Índia acelera. As projeções de consenso indicam que a Índia manterá crescimento acima de 6% ao ano até meados dos anos 2030, com potencial para crescimento consistente de 7-9% sob condições favoráveis.
− Projeções de crescimento para a Índia:
• 2025: 6,2-6,6% (FMI e governo indiano)
• 2026-2030: Acima de 6% ao ano (Focus Economics)
• 2030-2035: 6-8% ao ano (consenso de especialistas)
• Potencial sob condições favoráveis: 7-9% sustentavelmente
− Fatores impulsionadores do crescimento Indiano:
• Dividendo Demográfico: 65% da população tem menos de 35 anos.
• Demanda Doméstica Robusta: consumo em 60% do PIB indiano (vs. 40% na China).
• Setor de Serviços: contribui mais de 50% do PIB, incluindo a tecnologia da informação
• Investimento em Infraestrutura: gastos de ~4,7% do PIB para meta de 10% do PIB.
• Reformas Estruturais: implementação do GST (imposto unificado), lei de falências modernizada, e programas “Make in India” melhorando o ambiente de negócios.
• Catch-up de Produtividade: Nos últimos 10 anos, a Produtividade Total dos Fatores (TFP) da Índia excedeu o da China em 1,5% ao ano.
3.3 A convergência Inevitável: Índia alcançará a China até 2044
Um estudo da Brookings Institution, por Surjit S. Bhalla e Karan Bhasin (setembro de 2023), projeta uma possível convergência de renda per capita entre Índia e China até 2044. Este é um dos desenvolvimentos econômicos mais significativos do século XXI.
− Fatores de convergência — vantagem Índia:
• Trabalho e Capital Humano: +2,5% ao ano de vantagem
• Capital Físico: +1,5% ao ano de vantagem
• Crescimento da Produtividade Total dos Fatores (TFP): +1,5% ao ano
− Conclusão do Estudo Brookings:
Assumindo participação do trabalho de 60%, crescimento excessivo de trabalho/capital da Índia de 2,5% e 1,5% respectivamente, o crescimento excessivo agregado da Índia será de 3,6% ao ano (2020-2045). Isto significa:
• Com 3,5% de crescimento excessivo ao ano: convergência em 22 anos (2041)
• Com 3,75%: convergência em 20 anos (2039)
• Com 4%: convergência em 19 anos (2038)
• Com 3% (estimativa mais conservadora): convergência em 2045
4. A Bomba-Relógio demográfica da China vs. o dividendo demográfico da Índia
4.1 China: uma crise demográfica sem precedentes
Se a crise da dívida é o problema econômico de curto prazo da China, a crise demográfica é sua sentença de longo prazo. A China está enfrentando o envelhecimento populacional mais rápido da história moderna, com consequências econômicas devastadoras.
− Os números alarmantes:
• A população chinesa começou a declinar em 2022, caindo 2,08 milhões em 2023
• Taxa de fertilidade caiu para apenas 1,09 filhos por mulher (2023-2024)
• Pessoas com mais de 65 anos projetada para subir de 14,9% (2023) para 26,1% até 2050 e potencialmente 33% até meados do século
• População em idade ativa (15-64 anos) atingiu o pico em 2011 e está projetada para declinar 20-26% até 2050
• Taxa de dependência de idosos subiu para 21,9% em 2023 e pode atingir 49,1% até 2050
• Força de trabalho declinou 6,8% desde 2011
− Impactos econômicos devastadores:
• Escassez de força de trabalho levando salários a subir 7% ao ano desde 2015,
• 35% das empresas dos EUA planejam realocar 20% das operações fora da China até 2027
• Crescimento potencial de gastos com consumidor reduzido para a 3,2% em 2024
• Custos de pensão atingindo 6,3% do PIB em 2024
• Deficits de pensão projetados de USD 1,4 trilhão até 2035
• Relação trabalhador-aposentado pode cair para apenas 1,6 até 2050 (atualmente ~3)
• Custos de saúde per capita para doenças crônicas projetados para triplicar até 2040
• Encolhimento da força de trabalho deve cortar 0,5-1,4 pontos percentuais do crescimento anual do PIB na próxima década
O Washington Post descreveu acertadamente a situação demográfica chinesa como “The Graying Dragon” (O Dragão Grisalho). A China está envelhecendo antes de enriquecer — uma armadilha demográfica da qual não há escape.
4.2 Índia: o dividendo demográfico do Século XXI
− A demografia favorável da Índia:
• 65% da população tem menos de 35 anos
• População deve continuar crescendo até os anos 2060
• Força de trabalho crescendo 0,72% ao ano —declínio de 0,7% ao ano da China
• Taxa de Participação da Força de Trabalho (LFPR) atual de 51%
• LFPR feminina de 25-35% tem potencial de subir para 55% nas duas décadas
− A revolução das aspirações:
A expansão da educação feminina na Índia está impulsionando uma transformação social profunda. Hoje, há mais mulheres na faculdade na Índia do que homens. Em disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), mulheres representam 43% das graduadas.
− Quantificando a vantagem demográfica:
Segundo a análise da Brookings Institution, a vantagem demográfica da Índia sobre a China adiciona aproximadamente 1,4% ao crescimento relativo do PIB per capita anualmente. Ao longo de 20-25 anos, isto compõe para uma diferença enorme.
5. Sustentabilidade econômica: crescimento real vs. crescimento de planilha
5.1 China: os indicadores denunciam a narrativa oficial
A alegação oficial chinesa de crescimento de 4,8% no terceiro trimestre de 2025 desmorona sob escrutínio quando examinamos os indicadores econômicos fundamentais. Os dados não mentem — e eles contam uma história de estagnação, má alocação massiva de capital e produção descolada da demanda real.
− Utilização de capacidade industrial: emperrada abaixo do ideal
A utilização da capacidade industrial chinesa tem estado crônicamente emperrada entre 73% e 75% há anos. Para qualquer economia madura, uma taxa de utilização saudável deve estar acima de 80%.
− Produção industrial: desaceleração mascarada
A produção industrial da China, um dos indicadores mais fundamentais de atividade econômica real, tem patinado desde 2022. O índice de novas ordens, um indicador prospectivo crítico, segue no limite da contração, oscilando entre 48 e 50 pontos.
− Produção de cimento: o indicador mais honesto revela colapso
Os números são devastadores para a narrativa oficial chinesa. A produção de cimento atingiu o pico em torno de 2020 em aproximadamente 23,8 mil toneladas (dez milhares de toneladas) e desde então despencou 39%, atingindo cerca de 14,5 mil toneladas em 2025. Esta é uma queda catastrófica.
− O problema dos inventários: produzindo para armazéns
Talvez a evidência mais reveladora de que o crescimento chinês é artificial seja o comportamento dos inventários. Uma economia saudável mantém inventários relativamente estáveis em relação à demanda. A China, em contraste, tem experimentado explosões de inventário — produção massiva de bens que não são vendidos, mas simplesmente acumulados em armazéns.
5.2 Índia: indicadores de crescimento autêntico e equilibrado
Em contraste marcante com a China, os indicadores econômicos indianos se movem em sincronia, confirmando crescimento genuíno e equilibrado. Não há divergências misteriosas entre PIB oficial e indicadores físicos. Não há colapso de receitas governamentais enquanto o PIB “cresce”. Os dados da Índia passam no teste de credibilidade.
− Utilização de capacidade: melhoria gradual e sustentável
A utilização de capacidade indiana mostra um padrão cíclico saudável, com picos em torno de 76,4% e vales em ~74%, e uma tendência recente de melhoria para ~75,8%. Crucialmente, a volatilidade é muito menor que a da China, e a tendência é de melhoria gradual — características de uma economia saudável com demanda crescente.
− Produção industrial: crescimento estável e consistente
Após o choque da COVID-19, que levou a produção industrial a -40% no pior momento de 2020, a recuperação foi rápida e robusta. O pico de ~130% em 2021 foi, como na China, um efeito de base. Mas o que importa é que, após a normalização pós-pandemia, a produção industrial indiana se estabilizou em uma faixa saudável de 5-7% de crescimento — consistente com as taxas de crescimento do PIB de 6-8% e sem as divergências suspeitas observadas na China.
− Consumo: motor genuíno de crescimento
Os gastos do consumidor indiano mostraram uma trajetória de crescimento robusto, de aproximadamente 15,3 mil bilhões de rúpias em 2016 para ~27,1 mil bilhões em 2024 — um crescimento de 77%. Após a queda abrupta em 2020 devido à pandemia, a recuperação foi rápida e o crescimento acelerou nos anos recentes.
Este é o contraste fundamental entre as duas economias. O consumo privado representa aproximadamente 60% do PIB indiano, comparado a apenas ~40% na China. A Índia tem uma base de demanda doméstica genuína e robusta.
6. Avaliação comparativa de longo prazo: qual economia prevalecerá?
Tendo examinado em detalhe a dívida, o crescimento, a demografia e a sustentabilidade econômica de ambos os países, chegamos agora à questão central: no horizonte de 20-30 anos, qual economia é mais dinâmica, mais equilibrada e apresenta perspectivas superiores?
A resposta emerge de forma inequívoca dos dados: a Índia possui vantagens estruturais decisivas que a posicionam para superar a China nas próximas décadas. Esta não é uma afirmação nacionalista ou ideológica — é uma conclusão baseada em análise rigorosa de dados econômicos, tendências demográficas e modelos estruturais.
6.1 Dinamismo econômico: vencedor indiscutível — Índia
Dinamismo econômico refere-se à capacidade de uma economia de crescer de forma sustentável, adaptar-se a mudanças, gerar oportunidades e melhorar o padrão de vida de sua população.
− China: dinamismo em declínio terminal
• Taxas de crescimento em desaceleração irreversível: de 10%+ historicamente para 4-5% oficialmente (2-3% realmente), projetando declínio para abaixo de 4% até 2030 e potencialmente abaixo de 3% até 2040-2050
• Força de trabalho encolhendo 0,7% ao ano, subtraindo 0,5-1,4 pontos percentuais do crescimento anual
• Modelo econômico exaurido: dependência excessiva de investimento (40%+ do PIB) e exportações, consumo interno crônicamente baixo (~40% do PIB)
• Sobrecapacidade estrutural: utilização de capacidade crônicamente baixa (73-75%), produção descolada da demanda real
• Setor privado sufocado: estado cada vez mais dominante, reduzindo dinamismo e inovação
• Produtividade estagnada: crescimento da Produtividade Total dos Fatores (TFP) caiu de 2,8% pré-2008 para apenas 0,7% posteriormente
− Índia: dinamismo crescente e sustentável
• Taxas de crescimento acelerando: de 5-6% historicamente para 6-8% atualmente, com projeções de manter crescimento acima de 6% até meados dos anos 2030, potencialmente 7-9% sob condições favoráveis
• Força de trabalho crescendo 0,72% ao ano, com potencial de aceleração conforme LFPR feminina aumenta
• Modelo econômico equilibrado: consumo privado robusto (~60% do PIB), setor de serviços dinâmico (>50% do PIB), diversificação crescente
• Catch-up de produtividade: crescimento do TFP da Índia excedeu o da China em 1,5% ao ano na última década
• Setor privado vibrante: ambiente de negócios melhorando (classificação subiu de 142º para 63º em 2014-2020), empreendedorismo florescendo
• Reformas estruturais em andamento: GST, lei de falências, “Make in India”, melhorando ambiente de investimento
6.2 Equilíbrio e sustentabilidade: vencedor claro — Índia
− China: Desequilíbrios Profundos e Insustentáveis
• Dívida total de 312% do PIB, crescendo mais rápido que a economia, com USD 7-11 trilhões em dívidas ocultas de governos locais
• Dependência excessiva de investimento: taxa de investimento de 40%+ do PIB levou a má alocação massiva de capital, empresas zumbis e perdas não reconhecidas
• Consumo cronicamente baixo: ~40% do PIB (vs. 60-70% em economias desenvolvidas), limitando crescimento autossustentável
• Sobrecapacidade massiva: painéis solares (mais que o dobro da demanda global), veículos elétricos e baterias (1,3 vezes a necessidade global), aço, alumínio, vidro, cimento — produção muito além da demanda
• Deflação: índice de preços ao produtor abaixo de 100 desde setembro de 2022, deflator do PIB em declínio por nove trimestres consecutivos, sinais de deflação ampla
• Setor imobiliário em colapso: setor que representava até 30% do PIB está em implosão, com desenvolvedoras gigantes em default
• Modelo economicamente insustentável: crescimento depende de crédito crescente e estímulos contínuos; requer reformas estruturais profundas que o regime resiste
− Índia: Equilíbrio Crescente e Sustentabilidade Superior
• Dívida pública de 81-82% do PIB, elevada mas transparente, gerenciável e com trajetória de redução gradual (projeção de 80,5% até 2029)
• Crescimento equilibrado: consumo (~60% do PIB) como motor principal, investimento crescente mas não excessivo, setor de serviços robusto (>50% do PIB)
• Demanda doméstica genuína: crescimento impulsionado por consumidores reais, não por estímulos artificiais ou investimentos improdutivos
• Sem sobrecapacidade crônica: utilização de capacidade melhorando gradualmente, produção alinhada com demanda
• Inflação saudável: sem pressões deflacionárias, preços estáveis permitindo crescimento sustentável
• Consolidação fiscal: Lei de Responsabilidade Fiscal e Gestão Orçamentária visando deficit de 4,5% do PIB até 2025-2026
• Modelo sustentável: crescimento não depende de crédito descontrolado ou acumulação de dívida; reformas em andamento fortalecendo fundamentos
A Índia possui economia muito mais equilibrada e sustentável; a China enfrenta desequilíbrios estruturais profundos sem solução aparente.
7. Conclusão: a grande reversão Asiática do Século XXI
A China, que por décadas deslumbrou o mundo com taxas de crescimento espetaculares e transformação econômica sem precedentes, está entrando em uma fase de declínio estrutural inevitável. A Índia, frequentemente vista como a eterna “potência emergente” que nunca emerge completamente, está finalmente realizando seu potencial e posicionada para não apenas sustentar crescimento robusto, mas para convergir com e possivelmente superar a China em dinamismo econômico nas próximas duas a três décadas.
Reflexão final: o relógio da História
A história econômica é repleta de reversões surpreendentes. O Japão, que parecia prestes a superar os Estados Unidos nos anos 1980, estagnou nas “décadas perdidas” pós-1990. A União Soviética, que Nikita Khrushchev prometeu “enterraria” o capitalismo ocidental, colapsou. Os “tigres asiáticas” rugiam até a crise financeira asiática de 1997.
Estamos agora testemunhando a próxima grande reversão: a desaceleração estrutural da China e a ascensão sustentável da Índia. Esta não é especulação — é análise fundamentada em dados demográficos sólidos, tendências econômicas verificáveis e modelos estruturais robustos.
No horizonte de 20-30 anos — o horizonte relevante para planejamento estratégico, decisões de investimento de longo prazo e formulação de políticas — a Índia possui vantagens estruturais decisivas em todas as dimensões críticas: dinamismo, equilíbrio, sustentabilidade, credibilidade e potencial futuro.
O relógio da história está marcando uma nova era — não mais a era do “milagre chinês”, mas a era do crescimento indiano sustentável. E ao contrário do relógio chinês que parou de marcar a realidade, o relógio histórico marca com implacável precisão.
VanDyck Silveira, Ph.D
Diretor de Estratégia e Expansão Global da UCAM
Comentarista de Economia e Política na BM&C News



