
Há 100 anos
Haviam pessoas
como eu e você
elas viviam, riam,
enfrentavam dificuldades.
Andavam pela rua
dirigiam carros
e pegavam o ônibus para o trabalho
como nós fazemos.
Tinham seus ídolos
como nós temos
e, acima de tudo
buscavam fama e fortuna
como nós buscamos.
Há 100 anos
Chaplin era um ícone
O cinema ganhou cor
O Ladrão de Bagdá foi um sucesso
Rockefeller tinha sua riqueza
E o mundo continuava girando.
Há 100 anos
Numa faixa de pedestres
Robert Johnson fez um acordo
Adolf saiu daquela prisão
e as pessoas o reverenciavam.
A Liga das Nações foi formada
unindo as aspirações do Novo Mundo.
Audrey Munson se desnuda
para o mundo ver Rhapsody in Blue,
era tocada em todo lugar
e o povo adorava.
E o mundo continuava girando.
Há 100 anos
Bessie Smith cantava o blues
Em busca de liberdade,
Josephine Baker foi para a França
A Irlanda conquistou sua independência
Peary chegou ao polo
Gertrude atravessou o canal
E o mundo continuava girando.
Hoje
Como antes
sonhamos com a fortuna
com alguém que tomamos como ídolo
Na esperança de que
um dia sejamos essa pessoa
rezando para que esse futuro
se torne real.
Alguns serão rapidamente esquecidos
— e esse é apenas um fato da vida.
A verdade é que sempre foi assim
Muitas vezes me sento aqui
imaginando como será
daqui a 100 anos.
Mas a verdade é que eu já sei
a resposta…
Pedro Angelo Guedes estuda Jornalismo e Escrita Criativa na Dalhousie University, Halifax, Canada



