Alfabetização em IA: o desafio da geração que decide

Nos últimos meses, em conversas com executivos da chamada “economia real”, percebi um padrão: [...]


Nos últimos meses, em conversas com executivos da chamada “economia real”, percebi um padrão: exceto os startupeiros, a maioria quase não usa IA. Ou usa pouco. Ou usa mal.

O curioso é que estamos falando justamente da geração que concentra orçamento, liderança e poder de decisão. São eles que deveriam puxar a transformação, mas muitas vezes são os quem mais a retardam.

Saber usar IA já não é luxo. É o equivalente contemporâneo de saber ler, escrever e fazer conta. Um CEO que não entende como aproveitar IA no dia a dia se coloca em desvantagem frente a concorrentes mais ágeis e, pior, transmite essa inércia para toda a empresa.

A alfabetização em IA precisa chegar em quem decide, ou o gargalo estratégico ficará no topo.

O risco é de um gap geracional.

– Nativos digitais, que já nasceram no celular, testam rápido, mas muitas vezes não sabem avaliar a qualidade da resposta. (aqui é o perigo da IA)

– Imigrantes digitais, maioria dos C-levels da economia real, até sabem formular perguntas, mas não sabem quando usar nem como integrar IA ao negócio.

Esse descompasso gera um problema de liderança: a inovação fica travada porque quem poderia acelerar prefere manter distância.

Exemplos não faltam de aplicações executivas. IA pode apoiar gestão (análise de relatórios e cenários), estratégia (benchmarking de concorrentes), comunicação (rascunho de discursos e apresentações) e eficiência pessoal (sumarização de reuniões e preparação de pautas para conselhos). Usos simples, de impacto imediato, mas que exigem um mínimo de alfabetização.

Essa formação não pode ficar só na base. Universidades corporativas, conselhos, associações de classe e até o Sistema S precisam incluir IA em programas de capacitação executiva. Sem isso, a defasagem dos líderes será o maior obstáculo à transformação digital brasileira.

O Brasil já errou no passado, quando muitos executivos só aprenderam inglês ou finanças depois de perder espaço. Agora, o atraso é em IA, e o custo da demora pode ser ainda maior. A pergunta que fica é direta: quem lidera empresas pode se dar ao luxo de não se alfabetizar em IA?

*(nesse artigo, eu “ditei” o conteúdo, usei uma IA para transcrever o áudio, subi o pdf para um assistente que criei, e pedi para redigir o texto – tive que adaptar algumas coisas, corrigir várias, acrescentar e eliminar outras – mas é um exemplo prático de como a IA pode ajudar no dia a dia)



Daniel Branco
Economista pela UNICAMP, especializado em Marketing pela UFPR
Escreve sobre Inovação, Empreendedorismo e Impacto Social

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