Acabou um dos símbolos industriais da Amazônia?

Enquanto se respira COP30 em Belém, cerca de 850 quilômetros da capital paraense, em Monte Dourado, a Jari Celulose parece dar os seus últimos [...]

Enquanto se respira COP30 em Belém, cerca de 850 quilômetros da capital paraense, em Monte Dourado, a Jari Celulose parece dar os seus últimos suspiros. Estão acabando os quase R$ 74 milhões que a empresa recebeu do BTG Pactual, pela venda da UTI do Amapá. Resultado: aproximadamente 600 trabalhadores diretos e indiretos não receberão o salário de outubro, a empresa de ônibus que os transporta de Monte Dourado para a fábrica suspenderá o serviço a partir desta segunda-feira (por falta de pagamento), não há caixa para comprar o sódio utilizado para melhorar a qualidade da celulose e o estoque de madeira dura apenas mais três semanas.

O administrador da Recuperação Judicial, advogado Mauro Cesar Santos, estará em São Paulo nesta semana para reuniões com o presidente da empresa, Patrick Nogueira. Papo reto: a seu ver, não há salvação para a fábrica, em concordata desde julho de 2019. A prova maior da inviabilidade são as três caldeiras ligadas, mas os vaporizadores estão quebrados – equação que gera produção zero.

Para complicar, uma parte significativa do 1,3 milhão de hectares de terras (800 mil no Pará e 500 mil no Amapá) foi invadida, o que torna a maior fonte de renda da Jari hoje, a venda de créditos de carbono, um negócio cada vez menos promissor. Segundo ele, sem produção, Jari tem um dos melhores ativos de terra no Brasil: “cerca de 90 mil hectares na floresta foram legalmente mexidos para plantio de árvores destinadas à extração de celulose e látex. Extensa área que hoje serve para qualquer finalidade. A fábrica em si é velha e obsoleta. Investir na recuperação das máquinas e instalações é jogar dinheiro fora”, concluiu.

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