A falência dos sistemas

Falência múltipla é para o corpo humano a condição em que diversos órgãos vitais do organismo perdem suas [...]

Falência múltipla é para o corpo humano a condição em que diversos órgãos vitais do organismo perdem suas funções, simultaneamente, levando-o a sérias consequências, inclusive morte. Esta condição é causada por diversos fatores, como infecção, traumas, envenenamento e perda de suas funções pelos mais diversos motivos. É uma complicação que leva ao desequilíbrio do todo, causando estresse e perda de suas atividades próprias na tentativa de suprir as outras falhas. Quando um, ou mais órgãos, param de funcionar ou funcionam mal, de forma adequada segundo a sua propriedade, o corpo entra em estado de desequilíbrio, o que inevitavelmente leva a sérias complicações. Na falta de uma, outras áreas lutam para compensar aquela perdida, o que leva ao já falado desequilíbrio dos diversos sistemas, cada um deles responsáveis pelo perfeito e sadio corpo. É a integração dos sistemas, e suas circunstâncias próprias, que levam resistência e defesas ao todo, protegendo e assegurando saúde.

Assim é a vida.

Mas, deixemos este assunto para os profissionais da saúde, os médicos, enfermeiros, seus auxiliares que tão bem exercem seus deveres, quando deles necessitamos. Falemos de outra falência. A das instituições do Estado, de nossa Pátria Mãe, tão distraída, que com sua grave doença institucional leva aos brasileiros severa preocupação com suas falências.

Comecemos pelo Executivo, a face mais exposta do estado. Não precisa ser doutor para ver o quanto anda doente este organismo, inchado, excesso de peso, sem destino, perdido no tempo e no espaço, pessimamente alimentado, corroído pela corrupção, anda abusando dos prazeres, usando remédios inadequados, sobrecarregando as partes frágeis de seu corpo, o povo que o elegeu. Os impostos que cobra são não revertidos em favor da saúde e bem estar do corpo que o sustenta. A gestão é assunto desconhecido e deixado a Deus dará.

O legislativo, este sim, está bem pior daquele de quem deveria ser independente. Fraco demais para cumprir seus deveres, sua doença se chama fisiologismo atemporal, cumprindo deveres que deveriam ser do executivo, utilizando emendas impróprias, esgotando a saúde financeira do estado, assim como o Judiciário, de quem falaremos depois. Sua principal doença, do legislativo, chama-se falta de representatividade ou qualidade dela. Perdeu-se no caminho do que deveria ser, vive hoje no conflito do não ser. Muita conversa e nenhuma ideia, também manchado pela corrupção e inverdades que lhes assegurem a reeleição. O judiciário, última fronteira da democracia, o bastião da verdade, da honra e da dignidade, anda com a grave doença de Narciso, se achando, investigando, julgando e aplicando leis quando deveria ser o recurso dos injustiçados, defensor dos oprimidos, equilíbrio da sociedade. Acabou-se com as diversas instancias, seus procuradores se preocupam mais com o noticiário que com a busca do justo destino dos processos. Para não falar da grave doença da insaciedade de proventos, alguma coisa tão distante de nossa realidade que só pode ser medida em anos luz.         


Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor

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