
Minas Gerais foi, dos estados brasileiros, um privilegiado pela qualidade de seus governantes. Estão, na nossa memória, nomes como Milton Campos, Juscelino Kubistchek e Tancredo Neves. Para ficarmos em apenas três políticos que marcaram época pela sua atuação e reconhecida competência política, administrativa e ousadia em favor do progresso. É um passado que honra nosso estado, orgulha nosso povo, credencia Minas Gerais como celeiro de sabedoria, dignidade e desenvolvimento. Nomes que deram aos mineiros credenciais e projeção nacional pela capacidade pública, diálogo e entendimento para a pacificação de forças políticas antagônicas. Bons tempos quando a política era feita respeitando princípios e valores, com retidão, competência, sem interferências do marketing das aparências ou influencias virtuais enganosas. Tempos em que ideologias eram menores que interesses públicos, extremismos eram tratados com diálogo, bem comum com renúncias de ideias em favor da governabilidade. Respeitava-se projetos e vencedores das eleições, com os vencidos a compreender e aceitar a voz das urnas, somando forças em favor do povo e do estado. A oposição não era inimiga, não atuava em favor da terra arrasada, mas mantinha firme sua visão política e ideológica.
Daqui a pouco estamos no novo ano e com ele novas eleições. Nosso horizonte e perspectivas não traz alento para melhoria dos lamentáveis governos recentes, tanto a nível estadual quanto federal. Nossas casas legislativas se acostumaram com o declínio de sua vocação e de seus componentes ao longo de décadas. A cada legislatura cai a qualidade de nossos deputados e senadores. Onde estão os qualificados homens de ideias e projetos políticos? Com certeza não estão nas dezenas de partidos políticos transformados em cartórios e balcão de negócios pelos seus dirigentes. Não existe mais ideias, programas, conceitos ideológicos nem representatividade nestas organizações perigosas, algumas criminosas e que estão a levar municípios, estados e federação para caminhos da insegurança e quebra de suas estruturas. A democracia perde espaço para manipuladores do poder, desrespeitando a Carta Magna e muitas vezes falando em seu nome.
Rui Barbosa, em sua famosa frase, “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”, nunca foi tão atual. Estamos no limiar da crença em nossos valores, perdidos no cipoal da insegurança institucional, entregues às ameaças e invasão do poder por bandidos que se infiltraram no meio político. Aos homens honestos, de princípios, cultos e capazes ficam a desesperança e ausência nesta arena de lutas inglórias. Ser candidato a cargos públicos passou a designar indivíduos dispostos a tudo, inclusive a transgressão das leis, sem honra nem dignidade. A violência não acontece somente nas ruas, está também instalada nos órgãos do poder executivo, legislativo e judiciário.
Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor



