A candidatura de Flávio Bolsonaro (por Adriano Oliveira)

A estratégia ótima para Jair Bolsonaro é ter o nome Bolsonaro presente intensamente na eleição presidencial de 2026, em especial, na [...]

A estratégia ótima para Jair Bolsonaro é ter o nome Bolsonaro presente intensamente na eleição presidencial de 2026, em especial, na urna eletrônica. Flávio Bolsonaro e Michele Bolsonaro são dois nomes competitivos, conforme já frisei em outros artigos neste espaço. Não existe razão do ex-presidente da República apoiar Tarcísio de Freitas ou outro candidato, pois, o nome Bolsonaro não estará na urna. Por consequência, se o governador de São Paulo vencesse a eleição, Jair Bolsonaro receberia o indulto, mas poderia sumir da mente dos eleitores brasileiros em razão da ascensão de uma nova liderança.

Flávio Bolsonaro como candidato percorrerá o país defendendo Bolsonaro. Variados candidatos ao Parlamento ficarão lado a lado com o filho do presidente com a certeza de que serão eleitos. E muitos serão em razão da polarização natural decorrente da força do bolsonarismo e do antilulismo. A candidatura de Flávio Bolsonaro contribuirá para o sucesso eleitoral de muitos deputados e senadores, em especial, nas regiões Sudeste, Sul e Norte.

Com Flávio Bolsonaro candidato, a oposição a Lula caminhará dividida e o presidente da República seguirá favorito para ser reeleito. Mas a própria candidatura de um Bolsonaro possibilita e consolida o favoritismo de Lula. Variados candidatos dos Republicanos, MDB e PSD irão apoiar maciçamente o presidente Lula na região Nordeste. Nas regiões Norte e Sudeste o apoio também será observado, mas não intensamente.

Caso se consolidade a união entre União Brasil e o PP, os seus candidatos apoiarão o líder do PT no Nordeste, mas não necessariamente em outras regiões. As chances são remotas, neste instante, do União Brasil e o PP apoiarem a candidatura de Flávio Bolsonaro. Mas não descarto esta possibilidade, até porque, o filho do ex-presidente da República crescerá nas pesquisas e deve estar disputando o turno final contra o PT.

A candidatura de Flávio Bolsonaro limita as chances para que outros competidores estejam no segundo turno contra o líder do PT em razão de: 1) Nenhum candidato oposicionista dispensará Bolsonaro. Mesmo com a candidatura de Flávio Bolsonaro, outros candidatos seguirão defendendo o ex-presidente da República; 2) Assim acontecendo, os eleitores antilulistas, mas não bolsonaristas, ficarão sem primeira opção e poderão optar por Flávio Bolsonaro, pois vislumbrarão chances de vitória; 3) Eleitores que procuram alternativas entre Lula e Bolsonaro (não são antilulistas intensos), os “nenhum dos dois”, tendem a votar no “menos ruim”, qual seja, segundo pesquisas qualitativas: o atual presidente da República.

O segundo turno entre Lula e Flávio Bolsonaro será acirrado em razão do antilulismo, sempre ele, o qual, é calcificado em parcela do eleitorado. Contudo, eleitores que não querem nem Lula e nem Bolsonaro, tendem a escolher Lula, como já frisei. Políticos de variados partidos enxergarão perspectiva de poder no atual presidente da República e o apoiarão. Assim como variados grandes empresários.

Ao findar a campanha, Flávio Bolsonaro sairá fortalecido entre parcela do eleitorado e com muitos deputados eleitos e alguns senadores. Flávio Bolsonaro ganhará musculatura para disputar a eleição presidencial de 2030 e não permitirá que o nome Bolsonaro “suma” da mente dos eleitores. Mas se Flávio Bolsonaro não for candidato? Jair Bolsonaro, a não ser que apresente Michele Bolsonaro, terá perdido a grande oportunidade de manter vivo e fortalecido o bolsonarismo.

Um cenário importante: Jair Bolsonaro, que está preso e sem perspectiva imediata de ser solto, com o propósito de sair da prisão o quanto antes, poderá retirar o apoio a um Bolsonaro e optar por outro candidato. Se assim fizer, será compressível, pois a dor da prisão machuca muito.

*Artigo originalmente publicado no Jornal do Commercio

Adriano Oliveira é Cientista Político. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência: Pesquisa Qualitativa & Estratégia

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