Minas dos Bancos e Políticos (por Nestor de Oliveira)

Carlos Drumond de Andrade, nosso poeta maior, descreve a solidão, a desilusão e a busca de um novo rumo, em meio ao caos, em [...]

Carlos Drumond de Andrade, nosso poeta maior, descreve a solidão, a desilusão e a busca de um novo rumo, em meio ao caos, em seu poema “E agora José?”. “E agora, José? A festa acabou, /a luz apagou, /o povo sumiu… E agora, você, /você, que é sem nome…”. Publicado em 1942, em plena Segunda Grande Guerra, tempos da ditadura Vargas, quando a incerteza campeava pelo mundo, assim como agora assistimos nosso destino político, democracia e economia serem como um barco sem comando a vaguear em mar agitado. Em “Triste Horizonte” ele repete suas amarguras a respeito de Belo Horizonte, num tempo que a cidade ainda era, pra nós, puro encanto, quebrado com o passar dos tempos.  Drumond, hoje, precisa ser lido como profeta, poeta é dar-lhe injusta e pouca dimensão. Minas dos homens honrados, bancos e financistas fortemente estabelecidos, de grandes e sábios políticos, não há mais.

O filme “Meia-noite em Paris” (Midnight in Paris), escrito e dirigido por Wood Allen, recebeu o Oscar de melhor roteiro original, além da indicação para outras três categorias. É a história de um escritor e roteirista, americano, que vai com a noiva e os pais dela, a Paris, cidade que ele idolatra. Como em sonho, à meia noite, ele é transportado para a Paris de 1920, época do passado que ele considera a melhor de todas. Nos passeios da meia noite ele encontra os grandes intelectuais da época e com eles convive. Lá estão F. Scott Fitzgerald, Hemingway, Salvador Dali, Gertrude Stein e parte da inteligência de então. Confronta o passado com a realidade atual, assim como fazemos agora. O passado sempre nos parece melhor, numa projeção no tempo de quando nós é que o fomos. Olhar o passado é querer construir um futuro melhor. 

Citar Clemente Faria, Cristiano Guimarães, Sebastião Augusto de Lima, Magalhães Pinto, Vicente Araújo, Aloísio Faria, Flávio Pentagna Guimarães e tantos outros que marcaram época e liderança econômica do país, é dar a Minas e aos seus banqueiros honra, tradição e competência. Nossos bancos eram respeitados, reconhecidos e seus donos homens que traduziam dignidade e confiança. Mas, os tempos mudam e como castigo, agora, temos a decepção de ver um banqueiro de Minas Gerais ser preso, pela Polícia Federal, por crime contra o sistema financeiro. Sua projeção nacional, arrastando falso conceito de grandeza e segurança, nos deixa expostos naquilo que nossa tradição mais nos orgulha, a honra e dignidade.

Da mesma forma é citar políticos de Minas, terra de homens equilibrados, servidores públicos, honrados e honestos, como Milton Campos, Wenceslau Braz, Olegário Maciel, Antônio Carlos, Juscelino Kubistchek, Tancredo Neves, Renato Azeredo, Itamar Franco, Hélio Garcia, Eduardo Azeredo, Aécio Neves, Antônio Anastasia e tantos outros que brilharam no estado ou no cenário Nacional. Ao olharmos, hoje, o Congresso Nacional, onde estão nossos representantes, vemos um vazio de políticos, líderes e personalidades públicas à altura do nosso aguerrido Estado de Minas Gerais.

Breve teremos novas eleições, a esperança é que surjam nomes e lideranças que nos devolvam aquilo que sempre foi nosso: o orgulho de sermos de Minas.   

Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor 

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