
Como os publicitários criam aquelas campanhas fantásticas, impactantes, vendedoras, que conquistam o público e também prêmios importantes como os Grand Prix de Cannes?
Não existe fórmula mágica, criatividade não é tangível, palpável, mensurável. E não será a Inteligência Artificial que vai mudar isso, embora a IA já esteja sendo usada por muitos profissionais de propaganda para desenvolver campanhas.
Mas voltando ao primeiro parágrafo, os Diretores de Criação e de Arte, as conhecidas duplas de criação, têm inspirações variadas, de origens diversas, que se transformam em belíssimas campanhas ou estratégias de comunicação.
Folheando meus alfarrábios, e ainda impactado pela recente COP30, no Pará, veio à cabeça a cultura popular, o folclore, os mitos, que atravessam séculos, até milênios, de boca em boca, de geração em geração.
Mula sem cabeça, Saci Pererê, Lobisomem, Boto Cor de Rosa, a baiana Janaína rainha dos mares, o Círio de Nazaré (ficando só no Brasil), são alguns exemplos de protagonistas da cultura popular, do folclore, da religiosidade de nosso povo que inspiraram criativos a assinar fantásticas campanhas publicitárias.
Em 2003, o grupo gaúcho RBS lançou a campanha “O amor é a melhor herança, cuide da criança!”, utilizando personagens conhecidos do folclore brasileiro, como o Bicho-Papão, a Mula Sem Cabeça, o Diabo, a Bruxa e o Boi da Cara Preta, para alertar sobre a violência e os maus-tratos às crianças.
Em 2011, a Volkswagen usou também várias lendas do nosso folclore nas campanhas, obtendo resultados extraordinários na comercialização de seus veículos. Em outubro último, a Bombons Garoto fez uma adaptação do americano Halloween – “Gostosuras ou travessuras!” – e o brasileiríssimo Saci promovia situações divertidíssimas, hilárias. Detalhe: no Brasil 31 de outubro é o Dia do Saci.
Finalizo este artigo com um viés familiar, nostálgico. Hélio Jardim Faria. Que vem a ser meu Pai, e todos que me conhecem sabem quem foi Hélio Faria. O orgulho de ser seu Filho supera a modéstia e não tenho pejo em anunciar aos quatro cantos que foi um dos mais completos criativos de Minas e do país. Hélio Faria, diretor de arte ou artista plástico? As duas, e nesse caso 2 mais 2 são 5. Emprestou seu talento a grandes agências do mercado, nos anos 60, 70, 80 e 90. Ele foi fundador e Presidente da Associação Mineira de Propaganda (AMP). Também foi Diretor de Arte e fundador de grandes agências de publicidade em Minas: Asa, BH Office, L&F e Faria Publicidade.
Um dos fundadores da publicidade mineira, e um dos artistas plásticos mais completos, Hélio Faria sempre teve seu tempo dividido entre o nanquim dos anúncios e os pinceis de seus exuberantes quadros. Até que esse duelo aguerrido em seu intelecto foi vencido por um dos aguerridos espadachins: as artes plásticas. As últimas três décadas de vida de Hélio foram dedicadas às telas. Entregou-se de vez às artes plásticas, com a qual expressava todo o seu talento em óleo sobre tela. Mais de 50 anos dedicados à pintura de milhares de obras, que tratam, especialmente, da arte sacra e do barroco mineiro.
Hélio Jardim Faria, como Publicitário, inspirava-se também na cultura popular, nas crendices e mitos que povoava – e ainda povoa – e mente de crianças e adultos. Principalmente no tocante à religiosidade, presente sobretudo nas centenas de telas que saíram de sua mente privilegiadas e de suas mãos ultra=habilidosas
Saudades, Pai!
Helinho Faria é Diretor de Planejamento e Atendimento da FAZCOM! e Presidente do Conselho de Comunicação da Associação Comercial de Minas Gerais – ACMinas



