COLUNA RONALDO HERDY

Ir ao banheiro é legal

A Vale foi condenada em primeira instância, na Justiça do Trabalho do Maranhão, por impedir o acesso dos maquinistas da Estrada de Ferro Carajás ao uso dos banheiros existentes nas locomotivas que transportam minério de ferro. A ação foi movida pelo Sindicato dos Ferroviários do Maranhão, Pará e Tocantins.

A empresa utiliza um sistema para prevenção de sono na condução de trens que exige a aplicação de comandos no intervalo aleatório de 20 a 90 segundos, sob pena de frenagem automática das locomotivas. O efeito colateral dessa medida é que homens e mulheres que conduzem os comboios ficam impedidos de utilizar os banheiros. Eles e elas não contam com auxiliares no comando de trens que puxam 332 vagões, com carga útil de 108 toneladas por vagão.

Para “aliviar”, os homens costumam usar garrafas PET ou fazem as necessidades na parte de trás da locomotiva, que fica mais perto da cadeira de comando. Já as mulheres restringem o consumo de água (com risco à saúde), para diminuir a vontade de fazer xixi. O veto ao banheiro faz a empresa economizar cerca de 400 litros de diesel e 14 minutos de tempo consumidos em cada parada. Mas com duas paragens daria para contratar um maquinista auxiliar, com salário mais baixo. Os condutores titulares têm contracheque de R$ 4,5 mil.

A empresa fez acordo em processo semelhante movido pelo Sindicato dos Ferroviários de Belo Horizonte, no valor de R$ 47 milhões, e responde a uma ação igual no Espírito Santo. Ao todo, a Vale conta com 450 maquinistas no Maranhão e no Pará.

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