DECEPCOP30 (por Nestor de Oliveira)

Depois de sediar a Copa do Mundo FIFA em 2014, um retumbante fracasso para nosso futebol, marcado pelos 7 x 1, contra a Alemanha, escândalos e corrupção nas reformas e construção de estádios, depois de [...]

Depois de sediar a Copa do Mundo FIFA em 2014, um retumbante fracasso para nosso futebol, marcado pelos 7 x 1, contra a Alemanha, escândalos e corrupção nas reformas e construção de estádios, depois de recebemos os Jogos Olímpicos em 2016, outro evento de grande porte para um país pobre e sem nenhuma prioridade estratégica, recebemos a COP30.  Para não perder o hábito e mania de grandeza, só possível na cabeça de governantes ensandecidos, necessitados de afirmação, a recebemos em Belém, em plena e desestruturada Amazônia, no que poderíamos chamar de Conferência das Partes e da Decepção. Para se ter uma ideia do tamanho da insensatez, dois grandes navios de turismo tiveram que ser alugados para servirem de dormitórios, subsidiados pelo nosso tesouro.

A COP, ou Conferência das Partes, da ONU, sobre as mudanças climáticas, ou Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) é realizada anualmente, em cidades do mundo, escolhidas pela boa infraestrutura, para acomodação de líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil. Alguma coisa em torno de 5.000 participantes. O objetivo é debater a adaptação, a transição energética e outras estratégias para a sustentabilidade do planeta. Realizá-la em plena floresta foi um desvario e inconsequência de nosso governo federal, pela completa falta de infraestrutura e logística. A boa intenção, da qual o inferno está cheio, foi levar o evento para que todos conhecessem nossa grande floresta, apesar de tão mal tratada e invadida por narcotraficantes, guerrilheiros e mineradores clandestinos. Sem entrar no mérito de seu fracasso técnico, onde 29 documentos foram assinados, sem acordo em causas fundamentais, como a superação do uso de combustíveis fósseis, carvão mineral e desmatamento, o que restou foi a decepcionante imagem do Brasil perante o mundo. Belém, nossa querida cidade do Círio, foi desnudada em suas fragilidades, com inundação do local do evento, incêndio, urubus a sobrevoarem o lixo do caminho dos visitantes, falta de alojamentos, preços exorbitantes para hospedagens, comida e bebida.  Recebemos puxão de orelha, em carta, da ONU quanto às instalações, segurança e sistemas de refrigeração do ar, não fomos capazes de zelar pelo bem estar dos convidados, invasões aconteciam a todo momento, temperatura com termômetros e sensação térmica em torno de 45 graus. Aliás, o que é próprio da região.

A imprensa do mundo classificou como “fracasso” e “caos”, evento que para o governo federal seria passarela para desfilar pressuposta liderança, competência e imagem de destaque internacional, traduzida ao fim das contas, em arrogância. O jornal inglês The Guardian, descreveu o final como “um caos”, onde no último dia dezenas de acordos foram aprovados a “toque de martelo”. The Economist afirmou que a conferência terminou como um soluço, e que o texto de Belém “não fez qualquer menção direta aos combustíveis fósseis e carvão”.

Para não fugir ao costume de apanhar dos germânicos, o Premier Alemão, com justiça e sensatez, fez referências nada elogiosas ao nosso país, não deixando de registrar o alívio dos seus jornalistas em voltarem para casa.

Não será surpresa se, breve, realizarmos um encontro internacional da cobrança de altos juros e falta de investimentos e prioridade em educação.     

Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor 

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