
Sou Membro do Conselho da Associação dos Ex-Alunos do Colégio Estadual Central Milton Campos de Belo Horizonte, idealizado no plano de JK para a quebra das estruturas tradicionais de ensino de Minas Gerias, como uma das bases para o seu desenvolvimento. Ali, estudei e me formei, escola que muito me deu. Ali estudaram Eduardo Azeredo, Rubens Menin, Dilma Rousseff, Fernando Sabino, Walfrido dos Mares Guia, Fernando Pimentel, Henfil, Toninho Horta, dentre tantos. Lá, tentamos retornar aos alunos o que o Colégio nos deu.
Hoje, o Governo de Minas Gerais quer incluir o Colégio Estadual Central, patrimônio tombado, na lista de ativos para abater a dívida do Estado para com a União, naquilo que, como por vezes citado na imprensa, poderia vir a ter o destino futuro de empreendimento imobiliário, com o destombamento do patrimônio. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais obtém, temporariamente, o condicionamento da inclusão do imóvel vedando a sua possível venda a particulares, a ver o desenrolar de como isso anda.
Por outro lado, o prédio da Sensus em Belo Horizonte, prédio moderno de 30 anos, em esquadrias de aço e vidro fumê, no encontro de Funcionários com São Lucas e Santa Efigênia, bairros de arquitetura mais tradicionais, foi recentemente tombado pelo Patrimônio Público, devido, embora sendo moderno, ter “janelas redondas” em uma de suas faces, que se adequariam visualmente ao “contraste do tradicional com o moderno”. Vá entender!
Outro dia, em uma das Rádios de nossa Capital, ouvi o “Tombador” dizendo que Minas Gerais detém 64% dos tombamentos do país. Me pergunto: como MG, com 10% da população nacional, e 8% de sua economia, pode ter realizado 64% dos tombamentos totais do país? A Serra da Piedade, mencionada na Rádio, com reservas significativas de Hematita, Fe2O3, é também tombada. Pode ser minerada, sem a alteração de seu perfil. No alto do mais alto de seus quatro picos, está a Basílica da Piedade do Santuário Nossa Senhora da Piedade, linda e monumental! Uma das pessoas, na Rádio, disse que gosta muito de ir lá por que se sente “mais perto dos céus”. É verdade? Que bom!
Portanto, estamos em um paradoxo: tomba-se muito o que não deve ser tombado, e quer se destombar o que deveria se manter tombado.
Como Pesquisador na área de Mercado & Opinião, há 40 anos, sei o quanto será o custo político para o Governo de Minas Gerais junto à Sociedade Mineira se o Colégio Estadual Central de Belo Horizonte, em Minas Gerais, vir a ser negociado ou privatizado.
Que se preservem o Colégio Estadual Central de Belo Horizonte, Minas Gerais. Que se preserve a nossa atualidade e a nossa história.
Ricardo Guedes é Formado em Física pela UFRJ, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago, e CEO da Sensus

