
Para surpresa de zero pessoas, a encrencada “campeã nacional”, de presença global de soluções ambientais, ajoelhou no milho.
Ela é apenas mais uma grande empresa brasileira, que parece ter ignorado leis básicas da gestão empresarial.
A AMBIPAR está na solene companhia de Cosan, AgroGalaxy, St. Marché e South Rock (Starbucks Brasil), só para citar alguns casos mais midiáticos.
Repare que estas 5 empresas atuam em segmentos não correlacionados. Aqui temos soluções ambientais (com expansão global), um grupo gigante diversificado (agro, ferrovias, Vale etc.), varejista de produtos do agronegócio, franqueador-master de varejo alimentar e uma rede de supermercados premium.
Rigorosamente nada a ver uma coisa com a outra, certo? Na essência dos seus negócios, nada mesmo, mas na estratégia de expansão agiram da mesma forma equivocada.
Todas acreditam na expansão agressiva, acelerada e alavancada.
Isso nunca deu, dá ou dará certo, no Brasil do capital escasso e juros altíssimos.
A volatilidade da oferta de crédito, assim que o mercado “cheira” problema na empresa, acelera a derrocada de quem precisa de capital de terceiros.
Nada disso deveria ser surpresa, mas uma grande lição (esta sim nova) é a incapacidade do empresário brasileiro em escalar seus negócios.
Ok, nem todos, mas há uma alguma coisa no nosso DNA que vem se provando mortal.
Na minha experiência, testada ao longo de 40+ de carreira em crédito e agora em consultoria/mentoria, sei que o empresário brasileiro que dá certo tem o que chamo de Complexo de Deus.
Que o altíssimo me perdoa a blasfêmia.
Mas nossos empresários pensam ter a onisciência, onipotência e onipresença.
Seja lá qual for o desafio, tudo sabem e nunca erram. E por isso também são centralizadores, pouco afeitos a ouvirem vozes dissonantes.
Especialmente se forem vozes conservadoras, que ousem sugerir menos arrojo, mais cautela.
E outros “pecados” gênero.
Adicione-se a este “pacote”, a adulação que esta turma recebe da mídia em geral, e o assédio dos principais banqueiros, daqui e do mundo.
Aí, estimado leitor, não há vaidade que aguente, não é?
Destaque final, nenhuma destas gigantes foram vítimas de crises econômicas ou de crédito.
Quanto optaram por esta estratégia temerária, a pandemia já tinha feito seus estragos e o Brasil já era Brasil desde sempre.
Note que não me proponho a fazer engenharia de obra pronta: meu alerta a a este modelo preconizado nos EUA é antigo.
O que Wall Street + Ivy League + grupo MMB de consultoras de estratégia propõe, funciona lá, na Europa e no Japão.
Aqui, só dá alegria no xls e no ppt.
Fernando Blanco é Mestre em Sistemas Internacionais Bancários e Estudos Financeiros pela Universidade Herriot-Watt, Professor Visitante da FIA Business School. Mercado Financeiro. Autor.



