Novos rumos para nosso futebol (por Erasmo Angelo)

O universo do futebol brasileiro ainda continua um pouco desorientado em razão da enorme surpresa que lhe foi proporcionada pelo novo [...]

O universo do futebol brasileiro ainda continua um pouco desorientado em razão da enorme surpresa que lhe foi proporcionada pelo novo comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao divulgar, no final de setembro, o calendário de competições referente ao período 2026/2029.

Aliás, uma excelente surpresa tal a amplitude da proposta e as consequências positivas que se esperam quanto ao futuro do nosso esporte mais popular, agora finalmente bem valorizado. E os clubes não podem mais se queixar. Precisam se adaptar, com urgência, aos novos tempos.

O futebol brasileiro não estava acostumado com transformações tão radicais em seus calendários. Era tudo uma mesmice, um tédio, monotonia, jogo de interesses, preguiça, acomodações de toda ordem e desavenças.

Somam-se, como consequência, administrações envolvidas em escândalos, processos  judiciais, deposições de dirigentes e muitos críticas por excessos, mordomias, empreguismo, favores, benesses.

Tão surpreendente quanto o calendário divulgado nos últimos dias, foi a própria escolha e eleição do novo presidente da CBF, o jovem médico infectologista Samir Xaud, 41 anos, um desconhecido nos meios esportivos nacionais porque atua apenas no esporte de Rondonia, de onde, em poucas horas, foi buscado pelas federações de futebol dos estados e eleito presidente da CBF em 25 de maio último. Entrou no lugar do baiano Ednaldo Rodrigues, afastado do cargo por envolvimento em pendência de falsificação de assinatura.

Vale recordar que o poder das 27 federações estaduais na eleição para o comando da CBF impediu que uma chapa alternativa, a dos clubes, vingasse (cada federação tem o “peso três” na eleição e o dos 20 clubes da Série A o “peso dois”). No seu discurso de posse, Xaud garantiu: “Faço parte de um grupo que se uniu com um único propósito: construir uma nova CBF…”.

Nesta “construção”, vale esperar então pela postura futura de Xaud quanto ao alvoroço provocado pelas informações levantadas e divulgadas pela mídia, na época da eleição na entidade, dando conta de que cada presidente de federação estadual tem gratificação da CBF em valores elevados. E esperar, assim, que a nova administração “construa” realmente uma nova CBF.

Na implantação do novo calendário, Samir Xaud tem recebido elogios. Foi audacioso por ter atacado, entre outras questões, dois pontos fundamentais e que sempre representaram um retrocesso histórico no futebol brasileiro.

Um deles, o curto espaço de tempo que era dedicado à disputa do Campeonato Brasileiro, a maior e melhor competição que se disputa no país. O outro, os campeonatos estaduais que nada significam para os grandes clubes e que se viam obrigados a neles colocarem seus times principais ante o risco de não serem incluídos na milionária Copa do Brasil que, por sua vez, ganhou novo e ótimo formato.

Livres das amarras que os prendiam às disputas dos estaduais, já que estão garantidos na Copa do Brasil por serem clubes da Série A, os grandes do futebol brasileiro poderão finalmente planejar com mais tranquilidade e segurança seus próprios calendários visando, inclusive, preservar seu mais valioso patrimônio: os atletas profissionais das equipes principais.

É possível prever assim que, a partir de 2026, os campeonato estaduais terão um outro valor para os grandes clubes pois neles poderão mandar a campo seus times sub-20, preparando com mais qualidade seus jovens jogadores, trabalhando e dando reais oportunidades à sua nova geração de craques escalando-os em uma competição profissional da Primeira Divisão. São temas relevantes para futuras colunas.




Erasmo Angelo é Jornalista, formado em História e Geografia pela PUC/MG. Foi Redator e Colunista do Jornal Estado de Minas dos Diários Associados, e do Jornal dos Sports/Edição MG, cobrindo o futebol e esportes no Brasil e no Exterior, em Campeonatos Mundiais de Futebol e em Olimpíadas. Atuou destacadamente na TV e na Rádio, na TV Itacolomi, TV Alterosa, Rádio Itatiaia, Rádio Guarani e Rádio Mineira. Foi Presidente da ADEMG – Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais, na administração do Mineirão e do Mineirinho. Foi Editor da Revista do Cruzeiro. Autor



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