Lula quer Tarcísio como candidato

Lula recentemente disse que acha que Tarcísio de Freitas será o “candidato do bolsonarismo”, uma vez que o bolsonarismo não teria outras [...]

Lula recentemente disse que acha que Tarcísio de Freitas será o “candidato do bolsonarismo”, uma vez que o bolsonarismo não teria outras opções. Lula, em verdade, expressa mais uma vontade do que uma conclusão, na percepção de sua provável vitória frente a Tarcísio. 

A candidatura de Tarcísio de Freitas estava bem encaminhada, com significativas chances de vitória, visto como bom administrador e conservador não radical. Entretanto, ter endossado as tarifas de Trump contra o Brasil, que o afastaram do empresariado paulista, e ter criticado depreciativamente o Ministro Alexandre de Moraes, ícone da aplicação das leis no julgamento de Bolsonaro, nos termos da Constituição de 1988, afastou Tarcísio do centro eleitoral, que decide as eleições no Brasil, como swing voter no país.

O país se uniu em torno da defesa da nação, e Lula, junto com Alckmin, tiveram sucesso na condução da reação ponderada e eficaz em relação às tarifas. Trump viu que as recomendações de Eduardo Bolsonaro foram equivocadas, voltando à mesa de negociação com Lula, devido a interesses comuns dos dois países, principalmente pelas terras raras, e por ser o Brasil o único país significativo do ocidente a participar do hardcore do BRICS, o que não é de interesse dos Estados Unidos.

Há um significativo cansaço do empresariado e do centro eleitoral brasileiro em relação à polarização, mas por razões conjunturais ela continuará nestas eleições. Lula estava com a popularidade de seu governo em cerca de 25%, retornando ao patamar dos 35%. Sabemos que o incumbente precisa de 50% de aprovação para a sua reeleição, 40% para concorrer, e que abaixo de 40% dificilmente se reelege. Mas esta será a eleição da menor rejeição. Tarcísio como oponente, no momento, seria quase uma garantia de reeleição do Lula. E se Tarcísio fosse candidato à Presidente, se afastaria da reeleição para Governador de São Paulo, abrindo espaços para outras possibilidades.

Mas como dizia Magalhães Pinto, a política é como as “nuvens”, cada vez que se olha elas mudam. A possibilidade de outra alternativa ao centro-direita ficaria minimizada com Tarcísio como candidato, que poderia ocorrer, somente, já no período eleitoral.