
O cinema, a sétima arte, teve a um forte impacto na formação dos jovens dos anos 50, 60 e 70, uma geração que iniciava os caminhos da chamada liberação ao conservadorismo, até então uma cultura mantida sob forte controle das famílias e religião. Praticamente era o único meio de comunicação visual de massa, acessível a todas as camadas, nas mais remotas cidades. A TV engatinhava e seus chuviscos não tinham o poder e tecnologia de hoje, a arrastar multidões. Época em que, para a juventude, era inevitável projetar nos atores e atrizes o ideal e símbolos de suas paixões. A minha, não nego, foi pela atriz espanhola chamada Sara (Sarita) Montiel, do filme “La Violetera”, e sua inesquecível canção: “Como aves precursoras de primavera, en Madrid aparecen, Las Violeteras, que pregonando parecem golondrinas, que van piando, que van piando…”. Era o ano da graça de 1958, eu um jovem da roça, que ia pela primeira vez ao Cine Teatro Municipal, em Santo Antônio do Monte, cinema do Joaquim Batista de Oliveira, na matiné, com o coração disparado, pela nova emoção de conhecer o que era um “filme”.
Sarita me encantou, que maravilha de mulher, que voz, que trajes, que seios, que história! Foi assim que o cinema entrou definitivamente em minha vida e o coração, volúvel, se apaixonando pelas atrizes sex símbolos de todas as épocas. Gina Lollobrigida, em “Trapézio” ao lado de Burt Lancaster e Tony Curtis, foi outra que me conquistou num filme onde ela representava uma atriz de circo, numa aventura que me arrebatou. E aí passei a frequentar cinemas, agora na cidade grande, a capital de Minas Gerais, onde nos anos sessenta eram comuns os festivais de cinemas, com temas ou atores escolhidos. Foi uma sucessão de paixões que, ao recordar, faz feliz este coração cansado de apanhar. Chegaram Elke Summer, em “Criminosos não merecem prêmios”, Claudia Cardinale em “Era uma vez no Oeste”, Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo”, Grace Kelly em “Ladrão de Casaca, Marilyn Monroe, em “Quanto mais quente melhor”. E outras, outras… Enumerar todas é um prazer revigorado, faz viajar no tempo e me encontrar na doce juventude, nos ótimos anos da vida. Ava Gardner, Rita Hayworth, Sofia Loren, Ann Margaret, Greta Garbo, Elizabeth Taylor, foram minhas inspiradoras e mulheres com quem tive sonhos exóticos e eróticos. Deixei pra falar especialmente de Brigitte Bardot, em “E Deus criou a mulher” um marco do cinema e do erotismo, para a época, 1956, num filme dirigido pelo seu ex-marido Roger Vadim, onde sua sensualidade é exposta de forma pré pornô. Brigitte, ainda viva com seus 90 anos, vive reclusa, foi considerada uma das mulheres mais bonitas do cinema entre os anos 50 e 60, cuja carreira foi exclusivamente na França, não participando de nenhum filme em Hollywood.
Finalmente é preciso falar de Ingrid Bergman, a mais bela atriz que vi na grande tela. Um sonho de mulher, apaixonante, discreta, alguns dizem-na fria injustamente, elegante, olhar de derreter corações, uma das mais influentes mulheres do cinema, tem uma história de filmes ótimos, mas pra mim basta ter estrelado “Casablanca”, imortal clássico do cinema.
Nestor de Oliveira é Jornalista e Escritor