A COP30, a “Conferência da Mudança do Clima”, de 10 a 21 de novembro deste ano em Belém, Brasil, terá dificuldades significativas para atingir os seus objetivos.
Em primeiro lugar, haverá dificuldades políticas substantivas na identificação dos problemas e proposição de suas soluções. A COP30 apresenta uma pauta ambiciosa, na tentativa de deixar de ser uma reunião de negociação para ser uma primeira avaliação global de proposição de uma plataforma de “policies” a serem mundialmente seguidas, na análise de 30 temas interconectados e medidas necessárias para a estabilização do planeta.
Trump, entretanto, não deverá vir à COP30, enviando representantes “proforma”, se enviar; e a China, por ter o seu desenvolvimento recente baseado em consequências para a poluição, não tem interesse real de contenção. E estamos falando de 43% do PIB mundial, 26% dos Estados Unidos e 17% da China. E a Europa envolvida na Guerra da Ucrânia, a União Europeia com 17% do PIB mundial. Assim, a COP 30, sem resultados significativos para o futuro próximo, poderá tender para o ufanismo de manifestações políticas, da tentativa da afirmação do BRICS, de um lado, e do novo radicalismo de direita dos Estados Unidos e de outros países, por outro, sem a solução dos problemas mundiais no que tange ao meio ambiente.
Em segundo lugar, há problemas de acomodação para as equipes dos países em Belém, que podem dificultar o maior êxito da COP30. O setor hoteleiro atual, e em finalização para “Conferência de Mudança do Clima”, apresenta diárias da ordem de R$ 15.000,00 por quarto, ou cerca de US$ 3.000,00 mil, por unidade, muito acima da média global de US$ 500,00 para acomodações de 4 a 5 estrelas. Uma suíte presidencial, a ser oferecida, chegará a R$ 200.000,00 de diária, ou cerca de quase US$ 40.000,00 diários, o que excede em muito ao mercado internacional. O Presidente da Áustria disse que não estará pessoalmente presente na COP30 devido aos custos. E cerca de 50 países chegaram a propor a mudança da sede da “Conferência de Mudança do Clima” para outro centro urbano do Brasil. Soluções de ancoragem de navios transatlânticos em Belém, que serviriam como “Navio-Hotel”, têm sido aventadas.
Mas a COP30 poderá deixar alguns legados.
Primeiramente, a COP30 poderá chegar a um diagnóstico mais preciso sobre os nossos problemas ecológicos e possíveis soluções, mesmo diante da radicalização e falta de consenso político que deverá ocorrer, em documento técnico e científico de importância para o futuro próximo e de longo prazo, que possa sintetizar “o que é” e “o que fazer”, para esta ou para as próximas gerações; com o consenso à frente que inevitavelmente há de se chegar, quando a possibilidade do desastre coletivo se aproximar.
Em segundo lugar, políticas específicas de médio e longo prazos podem ser atingidas e implementadas. No Brasil, por exemplo, a Fundação Dom Cabral – FDC, tem coordenado, conjuntamente com outros órgãos e instituições do país, a discussão sobre a despoluição de nossas águas, na recomendação e implementação de políticas específicas sobre o que se pode fazer. Na interação entre os países na COP30, projetos e fontes de financiamento setoriais para países e regiões específicas podem ser alcançados, fazendo-se o melhor dentro do possível.